Saúde

Dengue continua a crescer e Sesa já fala em epidemia

Dengue continua a crescer e Sesa já fala em epidemia

Cascavel – O número de casos confirmados de dengue no Paraná deu um salto gigantesco em relação ao ano passado. Dados do Boletim Epidemiológico divulgado nessa terça-feira (29) pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) mostram que há 819 casos confirmados contra 41 registradas no mesmo período do ano passado, ou seja, aumento de 1897,5%. Já as notificações cresceram 254,7% no período, passando de 2.123 para 7.530 neste ano.

Somente de uma semana para outra o aumento tanto nos casos confirmados quanto nas notificações foi de 12%. No Boletim divulgado dia 22 havia 730 confirmações. As notificações da doença subiram de 6.703 para 7.530.

Se compararmos com anos anteriores os números também assustam. Em relação ao mesmo período de 2017, o número de casos confirmados agora já é 631,2% maior: eram 112 confirmações e 3.330 notificações. Em 2016, havia 108 confirmações e 3.475 notificações.

Risco de epidemia

Com base nos números, as autoridades em saúde já preveem uma epidemia da doença no verão. “Nós estamos com registros de casos acima da média esperada, não só no Paraná, mas em todo o Brasil. Essa situação já pode predizer um período de muitos casos no verão, uma possível epidemia”, explica a coordenadora de Vigilância Ambiental da Sesa, Ivana Lucia Belmonte.

A explicação está no aumento da predominância de um novo sorotipo que está circulando. “Existem quatro sorotipos de dengue – DEn1, 2, 3 e 4. Toda vez que uma pessoa adquire um sorotipo adquire imunidade contra aquele sorotipo. Assim, em determinados locais, quanto mais pessoas vão adquirindo imunidade, os casos vão diminuindo. Nós costumávamos ter a circulação do Den1, mas agora há uma crescente circulação do Den 2, ao qual a maioria das pessoas não tem imunidade, por isso os casos tendem a crescer”, esclarece.

Sem inseticida

As autoridades reforçam a necessidade de cuidados básicos para evitar criadouros nas residências, já que, de acordo com um levantamento nacional, 80% dos criadouros estão dentro de casa e nos quintais. Outra situação que ainda traz preocupação é a falta de inseticida. O produto não está disponível desde maio e a previsão é para que só seja entregue aos municípios no início do ano que vem. “Não há inseticida. O produto que o Ministério da Saúde havia adquirido foi considerado impróprio e por isso um produto diferente precisou ser comprado. A previsão é de que chegue em janeiro de 2020. As equipes serão capacitadas em novembro para estarem aptas a manusear o produto, que não existe no mercado para compra, é exclusivamente usado na saúde pública, então não há como os estados comprarem e depende de liberação e envio da OMS (Organização Mundial da Saúde)”, enfatiza Ivana.

Números das Regionais

A situação mais grave está no noroeste e norte do Estado. A regional de Paranavaí já tem 184 casos confirmados de dengue, 22,5% de todo o Estado; em seguida está a Regional de Londrina, com 144 casos, e Maringá, com 138.

Embora a Regional de Foz do Iguaçu também apareça com destaque (106 confirmações), o oeste representa apenas 17% do total de casos confirmados no Estado: Cascavel tem 26 e Toledo tem oito.

Mas na comparação com os anos anteriores a situação é alarmante. Em 2018 as três regionais do oeste tinham confirmado 11 casos de dengue, ou seja, alta de 1.172% neste ano.

Reportagem:Cláudia Neis