Saúde

Covid-19: Brasil supera EUA e é o primeiro do mundo na média diária de mortes

O Brasil também bate países onde a curva da doença é ascendente, como o México, que registrou 3.886 mortes por covid19, com média de 555 por dia

Covid-19: Brasil supera EUA e é o primeiro do mundo na média diária de mortes

Brasília – Enquanto governadores de quase todo o Brasil flexibilizam as regras de isolamento, o País registrou nos últimos sete dias a maior média de óbitos provocados pelo novo coronavírus no mundo. Com isso, deixa para trás Estados Unidos e Reino Unido, países que tiveram os maiores números absolutos de mortes até agora, mas que há algumas semanas têm registrado recuo diário.

Na última semana, o Brasil registrou 7.197 mortes pela covid-19, média de 1.028 por dia, segundo números da OMS (Organização Mundial da Saúde). Os EUA, que encabeçam a lista de óbitos pela pandemia no mundo, registraram no mesmo período 5.762 mortes, média de 823 por dia. Já o Reino Unido, segundo com mais mortes, contabilizou nos últimos sete dias 1.552 mortes, média diária de 221.

O Brasil também bate países onde a curva da doença é ascendente, como o México, que registrou 3.886 mortes por covid19, com média de 555 por dia.

“Esse resultado é fruto do mau manejo da pandemia no País. O Brasil começou bem com o ministro [Luiz Henrique] Mandetta [demitido em abril], mas agora está cometendo um erro terrível relaxando as medidas de distanciamento exatamente no momento em que está se aproximando do pico da curva¨, disse o epidemiologista Pedro Hallal, reitor da UFPel (Universidade Federal de Pelotas).

Segundo ele, levantamentos mostram que na última semana o Brasil assumiu a primeira posição global não só em números absolutos como também na média relativa à taxa de óbitos de acordo com a população.

Para o professor de Geografia da Saúde da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Raul Guimarães, o Brasil vai na contramão do mundo e a consequência é estender a crise. “Pelos cálculos que a gente fez em maio, com os índices de isolamento ainda altos, o estado de São Paulo chegaria ao teto no fim de junho e começaria a cair em agosto, mas o que estamos vendo agora é que vai se estender mais. Ainda não fizemos um novo cálculo, mas a crise deve ir até outubro ou novembro”, disse Guimarães, que classificou a quarentena realizada no País como “meia boca”.

De acordo com ele, o ritmo atual de propagação da doença aliado ao relaxamento das medidas de distanciamento em várias cidades pode levar o número de mortos a duplicar até o fim de julho.

País se aproxima de 40 mil mortes

O Ministério da Saúde informou na noite dessa quarta-feira (10) que o Brasil registrou 32.913 novos infectados pelo novo coronavírus, além de 1.274 mortes em decorrência da doença, de terça para ontem. Com isso, o País chega a 772.416 casos e 39.680 óbitos. Na terça, o País tinha 739.503 casos confirmados e 38.406 mortes.

De acordo com os dados do ministério, São Paulo continua como o estado com mais casos da doença: são 156.316 infectados até o momento. Em seguida vêm Rio de Janeiro (74.373), Ceará (71.403), Pará (62.095) e Maranhão (53.508).

Em número de mortes, São Paulo também aparece na frente, com 9.862 óbitos. Depois vem Rio de Janeiro (7.138), Ceará (4.480), Pará (3.927) e Pernambuco (3.531).

No mundo

Passam de 7 milhões o total de infectados no mundo, com mais de 404 mil mortes. Os Estados Unidos lideram, com mais de 2 milhões de casos e 114 mil mortes. Em seguida está o Brasil.

Contudo, dentre os países que registraram mais de 20 mil mortes – Reino Unido (41.128 mortes), Itália (34.114), França (29.319) Espanha (27.136) -, todos estão em movimento descendente há semanas.

Situação epidemiológica da covid-19 no Brasil