Cotidiano

Combates se intensificam e deixam mais de 300 mortos no Sudão do Sul

JUBA — Os confrontos entre os partidários do presidente do Sudão do Sul e os defensores do vice-presidente intensificaram-se na capital Juba apesar dos apelos de paz da ONU. Nesta segunda-feira, de acordo com testemunhas, foram registradas fortes explosões e o uso de artilharia. Há relatos de mais de 300 mortos, aumentando temores de que o país esteja novamente mergulhando em uma guerra civil.

Uma fonte diplomática ocidental confirmou à agência AFP que nos combates registrados durante a manhã no bairro de Tomping, perto do aeroporto, foram utilizadas armas pesadas. Entre os mortos estão civis e soldados de paz da China.

A embaixada dos Estados Unidos em Juba informou que pelo segundo dia consecutivo foram registrados fortes combates entre o governo e as forças de oposição.

Os confrontos se concentraram nas mesmas áreas onde no domingo os soldados fiéis ao presidente Salva Kiir e os escoltas do vice-presidente e ex-chefe rebelde, Riek Machar, se enfrentaram.

Desde sexta-feira mais de 150 pessoas morreram, em sua maioria combatentes dos dois grupos, segundo os ex-rebeldes.

Um trabalhador de uma organização humanitária, que pediu para não ser identificado, disse que foram registrados combates “muito, muito intensos”, e acrescentou que tanto ele quanto seus colegas permaneciam trancados em suas casas.

Várias fontes indicaram ter visto helicópteros armados, mas disseram que não podiam informar se eles entraram em ação.

ONU PEDE AJUDA A PAÍSES DA REGIÃO

O Conselho de Segurança das Nações Unidas pediu no domingo ajuda aos países da região para colocar fim aos intensos combates.

Uma disputa política entre Kiir e Machar gerou o conflito interno no país em dezembro de 2013.

No entanto, no âmbito de um acordo de paz assinado em agosto de 2015, Machar retornou a Juba em abril junto a um importante contingente de homens e atuou novamente como vice-presidente, em um governo de união nacional liberado por Kiir.

Os combates se estenderam no domingo ao leste de Juba, onde as tropas dos dois grupos dispõem de bases ao pé das montanhas de Jebel Kujir e perto de um campo da ONU.

Posteriormente, os confrontos atingiram outras zonas da capital, entre elas o setor de Gudele, conhecido por ser um barril de pólvora e onde Machar tem seu quartel-general, e o bairro de Tongping, situado perto do aeroporto internacional de Juba.

Em uma declaração adotada por unanimidade no domingo, os 15 países-membros do Conselho de Segurança da ONU exigiram do presidente Salva Kiir e de seu rival e vice-presidente Riek Machar que “façam todo o possível para controlar suas respectivas forças e pôr fim, de forma urgente, aos combates”.

Durante a reunião extraordinária, o chefe da Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS), Hervé Ladsous, apresentou um relatório sobre a situação.