Cotidiano

Chuva volta ao mapa, mas não deve repor rios e mananciais

Seca fica cada dia mais visível em rios e mananciais de Cascavel e região

Chuva volta ao mapa, mas não deve repor rios e mananciais

Reportagem: Juliet Manfrin 

Palotina – Há 40 dias sem chuva e caminhando como o agosto mais seco em 22 anos, a situação que já estava crítica começa a piorar. Se os consultórios médicos estão lotados de pacientes com doenças respiratórias, o alívio pode vir em forma de água no próximo fim de semana. Finalmente a chuva voltou ao mapa da previsão do tempo e, segundo os principais institutos meteorológicos brasileiros, uma frente fria deve chegar com força para quebrar a barreira da secura.

Aliás, essa barreira tem deixado a umidade do ar bastante baixa. Ontem à tarde em Palotina o índice era de apenas 35%, situação de alerta à saúde, tendo em vista que o mínimo necessário é de 60%. Na tarde dessa segunda-feira, nenhum município da região oeste superou os 40% de umidade do ar.

Outro ponto que tem sido prejudicado com a estiagem prolongada são os rios e os mananciais. Na semana passada, o Jornal O Paraná já havia alertado que o nível do Rio Cascavel tinha baixado 40% e que, apesar de não haver interrupção no abastecimento, o sistema entraria em alerta caso não chovesse até 10 de setembro.

Contudo, apesar de a chuva estar a caminho antes desse prazo, a Sanepar teme que o volume por vir seja insuficiente para repor rios e mananciais da região. Por isso, a regra é utilizar com consciência.

Tendo como base o município de Cascavel, com 324 mil habitantes, o consumo neste período do ano costuma ser, em média, de 65 milhões de litros por dia. Ocorre que as temperaturas mais elevadas jogaram a média para 70 milhões de litro em alguns dias da semana.

O aumento no consumo e a falta de chuvas justificam a baixa elevada do nível do Lago Municipal de Cascavel, que exibe preocupantes balcões de terra, revelando o assoreamento. A Sanepar precisou abrir mais o registro da vazão na saída do Lago a fim de aumentar o volume de água no ponto de captação. “Uma das principais funções do Lago de Cascavel é a de contribuir para manter a regularidade no sistema de abastecimento da cidade. A redução do volume de água também é consequência do longo período sem chuvas nos pontos de recarga das nascentes que formam o Lago Municipal”, esclareceu a Sanepar.

Quanto ao consumo mais elevado, a companhia reforça que em alguns dias da semana ele está bem próximo dos utilizados no verão. “As previsões apontam chuva para os próximos dias, porém ainda em pequena quantidade. Por essa razão, é importante a colaboração de todos para o uso racional até que volte a regularização das chuvas”, reforça a companhia de abastecimento.

Tempo muda no fim de semana

Conforme os institutos de meteorologia, a mudança no clima começa no sábado (31), mas será no dia 1º de setembro, domingo, que a chuva dará o ar da graça. A previsão é de instabilidade por pelo menos quatro dias seguidos – de domingo a quarta-feira -, mas o volume não deve ser muito elevado: para o oeste, no período, o acumulado deve ser algo próximo a 30 mm em média. Já representa um alívio para as doenças respiratórias e para quem espera, com ansiedade, que o solo fique molhado para dar início ao plantio da soja e de outros grãos na safra 2019/2020.

Segundo o técnico do Deral (Departamento de Economia Rural) do Núcleo Regional da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) em Cascavel José Pértille, tão logo a chuva venha, os produtores devem ir para o campo e iniciar a semeadura da soja, do milho e do feijão.

A região deve cultivar cerca de 1,1 milhão de hectares com expectativa de colher 4 milhões de toneladas de soja, se as condições do tempo contribuírem.

Trigo castigado pela estiagem

Se a chuva vai contribuir para o plantio de cereais, a falta dela prejudicou e muito o cultivo do trigo, que começa a ser colhido pela região com cerca de 1% da área removida do campo neste momento. No início de julho, a sequência de geadas provocou perdas de 51% das lavouras. Depois, o que castigou foi a seca e as temperaturas elevadas demais para o período. O volume exato das perdas deverá ser conhecido conforme a colheita avançar.

Sem frio

A semana será de temperaturas elevadas, podem chegar fácil aos 30ºC durante o dia, mas as madrugadas continuam mais amenas. Apesar da chuva no fim de semana, as temperaturas não devem cair expressivamente. As máximas podem baixar par a casa dos 21ºC no início da próxima semana, mas a mínima não será inferior aos 14ºC.

Devem se manter assim nos dias seguintes, mas na quinta-feira da próxima semana o tempo firma novamente, e, assim, o desfile cívico de 7 de Setembro não deve ser debaixo de água nem com frio.

A tendência é para que o próximo mês seja mais chuvoso, já que em agosto o registro médio de precipitação, até o momento, é de apenas 1,5 mm, muito abaixo da média histórica para o período, de 80 mm.