Opinião

Cautela e diálogo

Por Jadir Zimmermann

O indicativo de greve em várias cidades do Paraná dá a sensação de que estamos regredindo. Mesmo que o governo esteja devendo uma resposta mais convincente aos servidores públicos, uma paralisação neste momento não é a solução mais prudente.

A lenta recuperação econômica do país e a retirada de Estados e municípios da reforma da Previdência impõem dificuldades extras. Os problemas se acumulam diante de um cenário já desgastado. Pelo menos sete Estados já decretaram calamidade financeira e alguns não conseguem sequer honrar a própria folha de pagamento ou levantar financiamentos. O governo precisar estar atento para não arrastar o Paraná para esta mesma vala.

É evidente que a reivindicação por melhores salários é uma demanda legítima. Mas, legítimo também é dar um pouco mais de tempo ao governo que está completando seis meses de gestão.

O próprio governador Ratinho Junior já disse que reconhece a defasagem salarial, mas observa que a concessão de qualquer reajuste impacta diretamente nos limites legais para o gasto com pessoal. E toda reposição precisa ter amparo no crescimento da receita.

O Paraná experimenta algo novo na sua história recente, ou seja, uma boa sintonia entre Curitiba e Brasília. Os frutos dessa aproximação ainda são tímidos, mas aqui mesmo, no Oeste do Paraná, já são visíveis a partir da parceria para a construção da segunda ponte ligando o Brasil ao Paraguai, em Foz do Iguaçu. Isso mostra que o Estado tem espaço para crescer.

Talvez seja a hora de experimentar algo novo também na relação entre governo e servidores públicos, sem aquelas interpretações ideológicas que inviabilizam o diálogo a cada data-base, com ameaças de greves e paralisações.

Cautela e diálogo são os ingredientes ideais para resolver esta equação. Com isso será possível ao governo manter a solvência do Estado para atender as demandas da sociedade e restabelecer, em médio prazo, as conquistas de direito dos servidores.