Agronegócio

Cadê a chuva? Quase 500 mil ha foram cultivados sem umidade

Produtores plantam, mas não sabem se grãos vão germinar

Cadê a chuva? Quase 500 mil ha foram cultivados sem umidade

Toledo – Primavera: o terror para a previsão do tempo para os meteorologistas. É assim que explica Samuel Broun, do Simepar, as previsões de chuva para esta semana que não se confirmaram. “Na quarta (2) ocorreram chuvas generalizadas e na quinta choveu cerca de 40 milímetros em Laranjeiras do Sul, mas em outras cidades, como Toledo e Cascavel, não choveu nada. Na primavera é isso… Pode haver uma previsão para muitos dias chuvosos que não se confirma… essas condições podem mudar rapidamente”, argumenta.

E isso ocorre, segundo o meteorologista, por diversos motivos. Neste momento, segundo ele, uma área de instabilidade que está sobre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina não consegue avançar para o Paraná, mas ainda há possibilidade de chuva para este fim de semana. “Não serão chuvas generalizadas, pode chover em um ponto e em outro não. Na primavera, as condições são exatamente essas, por isso é complicado fazer previsão, principalmente para daqui a muitos dias”, seguiu.

Para se ter uma ideia, no início da semana todas as previsões apontavam que iria chover em todo o oeste de quarta-feira até domingo. Alguns apostavam até em mais de 70mm no acumulado. A quarta chegou, a chuva veio com ventos fortes, levantou muita poeira, mas água que é bom quase nada. Quinta e sexta o solão indicava que iria reinar absoluto no céu.

Havia até quem esperava chuva para recompor rios e mananciais, que secam a cada dia, colocando ao menos dez cidades da região em situação de risco. Em Cascavel, por exemplo, a vazão dos principais mananciais já caiu mais que a metade, e há três semanas foi adotado sistema de rodízio de abastecimento. A Sanepar insiste para o uso racional da água sob o risco de a população ficar sem.

Desespero

Mas se na cidade a situação é complicada, no campo ela chega a ser caótica. O cultivo da soja está atrasado em um mês e já põe em risco a safrinha de milho no início de 2020. Quem se arriscou em plantar, agora corre o risco que a umidade do solo seja insuficiente para germinar os grãos.

Em ciclos com chuvas consideradas normais, neste momento cerca de 90% da área já estaria plantada, ou seja, mais de 900 mil hectares.

Como havia previsão de chover mais de 70mm essa semana, os produtores invadiram as lavouras e cultivaram quase metade da área, ou seja, 500 mil hectares.

A esperança do início da semana foi substituída pelo desespero, revela José Pértille, técnico do Deral (Departamento de Economia Rural). Isso porque muitas áreas terão de ser replantadas. “É muito frustrante! Os produtores estão muito preocupados”, resume.

No escuro

De acordo com o meteorologista Samuel Broun, diante do cenário de incerteza, afirma que não se pode detectar se vai chover de forma generalizada neste mês, tampouco se haverá regularização pluviométrica em novembro. Ou seja, estamos no escuro. “A previsão indica que deverá chover mais a partir de novembro, mas pode não se confirmar isso também. Às vezes a recuperação se dá em uma estação inteira. Na primavera e no verão, via de regra, chove mais, mas não se pode garantir que isso vai acontecer neste ano”, admite.

Ainda segundo Samuel, a única previsão mais precisa é a do monitoramento do tempo que prevê temporais com até 12 horas de antecedência. É a partir dele que se notifica a Defesa Civil para que faça os alertas de temporais, como o ocorrido na última quarta-feira por toda a região. E, se você puxar pela memória, nem sempre é assim. Neste ano mesmo a região foi pega de surpresa com mudanças de tempo que só foram percebidas pelos instrumentos depois que passaram.