Opinião

Caçadores de tesouro

Opinião de Maria Antonia de Castilho

Muitas vezes ouvi pessoas mais idosas relatarem (que ouviram dos “antigos”) sobre alguém que achou potes com moedas de ouro ou sobre algum lugar que havia tesouro escondido, porém muito bem guardados por fantasmas que ficaram com tal encargo, até que determinada pessoa viesse a buscar.

Sempre que alguém ia embora rapidamente de um lugar, comentava-se que achou um tesouro e foi gastar a fortuna longe dali, para evitar pedidos de empréstimos.

Até o final da década de 60, havia na Rua Carlos Gomes, próximo ao viaduto da BR-277(sentido centro), um enorme e belo pinheiro. Estava lá, imponente. A rua humildemente o desviava.

Bem em frente, morava um pobre carpinteiro, rodeado de generosa prole.

O Ibama não existia e, se havia outro órgão controlador, não era atuante na região, só sei que referido homem e um ajudante derrubaram a bela araucária.

Mal organizou a madeira e a galhada, foi embora da região sem contar o destino.

Comentou-se por bom tempo, que ele havia achado um pote com valioso tesouro junto ao pé do pinheiro.

Mas voltando ao parágrafo sobre tesouro guardado por fantasmas, houve em Cascavel dois bravos homens que, sabedores de um lugar assim, resolveram ir encarar o fantasma e ficarem donos da fortuna.

Podem acreditar que sempre existiu e existirá imenso interesse em enriquecer sem precisar exercitar o cérebro, calejar as mãos ou suar a camisa.

E, com isso em mente, eles compraram um aparelho para detectar metais. Outro detalhe importante: para enriquecer rápido ainda é preciso um pequeno investimento.

Com tal aparelho, eles pretendiam tapear o fantasma e localizar rapidamente o tesouro.

Assim, munidos de um bom lanche e do aparelho, foram para a região de Catanduvas localizar um rio onde uma enorme pedra dividia o curso das águas e marcava o lugar do tesouro.

Saíram bem cedo para fazer toda a operação durante o dia, pois sempre ouviram falar que fantasmas só aparecem à noite.

Lá chegando, estacionaram o carro e se embrenharam no mato, percorrendo a margem do rio a procura da tal pedra.

Caminha que caminha, começaram a perceber imenso silêncio, nenhum pio de passarinho, estranha sensação de estarem sozinhos no mundo.

Logo a mata foi ficando num tom verde amarelado, os raios de sol também eram dessa cor e rajadas de vento surgiram simplesmente do nada, como antecedendo violento temporal.

Um calafrio percorreu seus corpos e vacilantes prosseguiram.

Nisto, num agito de ramagens, visualizaram a tal pedra.

O coração disparou, os olhos quase saltaram das órbitas!

Quem estava em pé sobre a pedra guardando o tesouro? Um padre! Estava com os braços cruzados e os olhava com severidade!

Os dois caçadores de tesouro debandaram, tentando lembrar a direção onde estava o carro. – Cadê o aparelho compadre? – Não estava com você?

De volta a Cascavel, o único agradecimento era terem conseguido voltar.

 

Maria Antonia de Castilho é advogada e cronista