Educação

Alunos de baixa renda são maioria nas federais

Para Andifes, a universidade brasileira é a expressão dos esforços para sua real democratização

Alunos de baixa renda são maioria nas federais

Sete de cada dez estudantes das universidades federais brasileiras têm renda mensal familiar per capita de até um salário mínimo, sendo a renda média de R$ 640. Em contraste, os estudantes que têm renda superior a 5 salários mínimos per capita são apenas 4,6%. A maioria – 64,7% – estudou o ensino médio integralmente, ou na maior parte do tempo, em escolas públicas. Os dados constam da 5ª Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos Graduandos das Instituições Federais de Ensino Superior, divulgada nesta semana.

O levantamento é realizado desde 1996 pelo Fonaprace (Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Estudantis), vinculado à Andifes (Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior). Os dados foram coletados em 63 universidades e dois Cefets (Centros Federais de Educação Tecnológica).

Pela primeira vez, dentro do tempo em que a pesquisa é realizada, o percentual de negros aumentou, alcançando a maioria absoluta do universo pesquisado: 51,2%. Em 15 anos, as ações afirmativas elevaram o número de estudantes pretos e pardos de 160.527 para 613.826, uma variação de 282%.

A participação de estudantes que ingressaram por cotas (renda; preto, parto e indígena; e pessoa com deficiência) vem crescendo desde a implementação das políticas afirmativas, em 2005. Dez anos depois, esse índice chegou a 42,5% e, de 2016 a 2018, segue entre 48% e 49%.

A pesquisa mostra que há um crescimento contínuo no ingresso de mulheres no ensino superior das universidades federais – em 2018, o índice de mulheres matriculadas era de 54,6%. Esse percentual cresce entre estudantes com até 24 anos. Na faixa etária de 17 anos ou menos, esse índice é de 59% e, de 18 a 24 anos, 56,5%. Ainda de acordo com o levantamento, os pais da maioria dos universitários estudaram somente até o ensino médio.

Democratização

Segundo o documento de análise dos resultados da pesquisa, “a democratização do acesso ao ensino superior, resultante da ampliação do número de Ifes (Instituições Federais de Ensino Superior), cursos e vagas, da interiorização dos campi das mesmas instituições, da maior mobilidade territorial via Enem/Sisu e da reserva de vagas para estudantes com origem em escolas públicas, por meio de cotas (renda; pretos, pardos e indígenas; e pessoas com deficiência), modificou radicalmente o perfil da recente geração de discentes dos cursos de graduação das universidades federais e dos Cefet MG e RJ”.

Para a Andifes, a pesquisa aponta que a “universidade brasileira hoje é expressão dos esforços para sua real democratização” e que este é um passo importante “para o cumprimento do papel social do ensino superior público”.

O levantamento mostra, também, que “se permitiu o direito ao ensino superior a um número cada vez maior de pessoas que tradicionalmente eram excluídas da vida universitária”.

Ainda segundo análise da Andifes, o “País, vendo multiplicar as oportunidades acadêmicas a um número maior e mais diverso de pessoas, poderá colher os frutos da ampliação em seu desenvolvimento.”

Desafios

Entre os desafios apontados pela pesquisa, de acordo com análise da Andifes, estão a necessidade de “ampliar ainda mais a democratização do acesso, para que o percentual de jovens matriculados no ensino superior atinja as metas do Plano Nacional de Educação; e garantir que todos os estudantes tenham, dentro das Ifes, iguais condições de permanência”, atendendo ao previsto na Constituição e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação.