Guaíra – A geração formal de empregos na região oeste do Paraná no primeiro semestre deste ano é a pior em dois anos, e 33% menor que a de igual período do ano passado. De janeiro a junho de 2018, os sete maiores municípios avaliados pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) – Assis Chateaubriand, Cascavel, Foz do Iguaçu, Guaíra, Marechal Cândido Rondon, Medianeira e Toledo – abriram 5.075 novas vagas, contra 3.393 neste ano. Apesar disso, Cascavel aparece com o terceiro melhor saldo em todo o Estado, com 1.988 contratações.
O resultado semestral é o segundo melhor para o período desde o acirramento da crise, em 2015. Há quatro anos, haviam sido criados 4.008 postos de trabalho. Já no primeiro semestre de 2016 a região tinha saldo negativo de 208 postos, e, em 2017, houve a contratação de 2.881 trabalhadores.
Serviços continuam puxando o emprego formal. Neste ano, foram 2.108 novas efetivações. Construção civil aparece logo atrás, com 809, e a indústria, com 508. “Quando se vê mais contratações na construção civil é um bom sinal, porque grandes obras estão sendo retomadas, mas é preciso ver se isso não é sazonal demais. Por outro lado, tivemos muitos empreendimentos que venderam seus imóveis na planta ano passado, apostando em uma recuperação mais rápida da economia que não se confirmou e, agora, precisam iniciar suas edificações mesmo com a economia ainda retraída”, avalia a economista Regina Martins.
Conforme a especialista, a retomada dos empregos em maior escala depende de um longo caminho a ser percorrido. “Há demora para aprovar a reforma da Previdência e encaminhar outras e com isso o País não avança. Sem emprego não tem consumo e sem consumo a arrecadação trava. No segundo semestre existem fatores importantes que podem contribuir para um avanço nas contratações, mas, por enquanto, está todo o mundo com o pé no freio”, completa.
O comércio tem sentido bastante a crise e fechou 145 postos de trabalho no semestre, o pior desempenho entre os setores avaliados. “Está tudo muito parado, o comércio está vazio. Vamos ver se para o Dia dos Pais dá uma reagida, mas é uma data que promete ser marcada por presentes mais modestos, então não tem perspectiva de contratações. Vamos ver como a economia reage até o fim do ano, mas, analisando neste momento, deve ser um segundo semestre bem difícil”, avalia o presidente do Sindilojas (Sindicato dos Lojistas e do Comercio Varejista de Cascavel e Região Oeste do Paraná), Leopoldo Furlan.
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Junho fecha com saldo vermelho
Já o desempenho de junho foi o segundo pior dos últimos cinco anos, com o fechamento de 701 vagas de trabalho com carteira assinada nas maiores cidades do oeste.
O pior cenário foi em Foz do Iguaçu, com 345 postos fechados, seguido por Toledo, com 125, e Cascavel, com 111. Medianeira registrou o fechamento de 101 vagas, Marechal de 12, Guaíra de 7 e Assis Chateaubriand fechou zerado.
Novamente o comércio foi o grande vilão em junho, com a extinção de 461 postos de trabalho. “O frio não veio como se esperava. No inverno as vendas são melhores se, além de fazer muitos dias frios, a chuva vier também, porque daí as roupas não secam e as pessoas precisam comprar mais. Não foi o caso neste ano, então não se viu alternativa se não enxugar os quadros”, explica o presidente do Sindilojas, Leopoldo Furlan.
A indústria também contribuiu para o desemprego regional no mês passado. Foram fechadas 149 vagas formais nos setor. Em contrapartida, a agropecuária contratou 74 novos trabalhadores, único com saldo positivo em junho. “A nossa economia só não sente muito mais porque temos o agronegócio forte”, observa Furlan.
Até os serviços precisaram enxugar e demitiram 91 trabalhadores.
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Paraná e Brasil
No Paraná, foram geradas 40.022 vagas formais de emprego no primeiro semestre deste ano, com destaque aos setores de serviços e construção civil. O resultado representa aumento de 1,54% em relação ao mesmo período de 2018. Assim, o Estado aparece em terceiro lugar no número absoluto de contratações e na quarta posição no saldo total de vagas de trabalho, atrás apenas de São Paulo (151.722), Minas Gerais (88.238) e Santa Catarina (49.895).
Para o mês de junho o saldo de emprego no Estado foi tímido, mesmo assim considerado o melhor índice desde 2013. Foram 90.992 admissões e 90.834 desligamentos, saldo de 158 novos postos criados.
Já o Brasil abriu 48.436 vagas em junho, o melhor saldo em seis anos para o período. No acumulado do primeiro semestre, o País registra 408.500 novas vagas formais, melhor resultado desde 2015.
Reportagem: Juliet Manfrin