São Paulo – O medo de uma recessão global provocou um dia de pânico nas bolsas em todo o mundo. Nasdaq e NYSE caíram mais de 3%, Frankfurt perdeu 2,19%, a de Paris 2,08% e a de Londres, 1,42%.
No Brasil, o dólar subiu 1,79% e fechou em R$ 4,0388 – maior valor desde 23 de maio. O motivo foram os indicadores fracos da atividade econômica na China e na Alemanha, que renovaram preocupações com a perda de fôlego da economia mundial e provocaram forte fuga de ativos de risco no mercado financeiro mundial.
Nos Estados Unidos, a inversão da curva dos rendimentos dos títulos de 2 e 10 anos do Tesouro – mecanismo que historicamente não costuma falhar em prever recessões na maior economia do mundo – adicionou ainda mais preocupação nas mesas de operação em Wall Street. No mês, o dólar já acumula alta de 5,7%.
Por aqui, a pressão teve ainda o ingrediente Argentina, que teve novo dia de intervenções do Banco Central no câmbio mas que não evitaram nova disparada de 8% da moeda americana no país vizinho.
Os estrategistas do banco dinamarquês Danske Bank Jakob Ekholdt Christensen e Vladimir Miklashevsky avaliam que a Argentina pode seguir tendo algum contágio no Brasil, pela proximidade, mas o que vai pesar mesmo no apetite ao risco dos investidores e nos mercados de moedas emergentes, incluindo o real, é o desenrolar da relação comercial China/Estados Unidos, a situação da economia mundial e os rumos da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Com o “tsunami de números negativos” vindos do exterior, o chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, observa que o noticiário local positivo, como a aprovação da MP Liberdade Econômica, não conseguiu reverter o movimento de compra de dólares. O Ibovespa caiu quase 3%, com as vendas de ações por investidores estrangeiros pressionando ainda mais o câmbio.
O Índice Bovespa foi fortemente contaminado pela aversão ao risco no mercado internacional e fechou em queda de 2,94% nessa quarta-feira, aos 100.258,01 pontos, depois de ter registrado mínima em 99.954,75 (-3,24%), na última hora de negociação.