São Paulo – Em meio à instabilidade causada pela pandemia de coronavírus, o mercado financeiro teve mais um dia de nervosismo. A bolsa de valores caiu 5,22%, no nível mais baixo desde julho de 2017. O dólar, que tinha caído nas duas últimas sessões, voltou a subir e fechou perto de R$ 5,14 na cotação comercial.
O índice Ibovespa, da B3, a bolsa de valores brasileira, fechou a segunda-feira aos 63.569 pontos, com recuo de 5,22%. O índice chegou a operar em alta no início da negociação, mas inverteu a tendência ainda durante a manhã. Na mínima do dia, às 12h45, chegou a cair 7,3%.
O dólar acumula alta de 28,05% em 2020. Ontem o Banco Central atuou menos no mercado. A autoridade monetária vendeu US$ 739 milhões das reservas internacionais em três leilões à vista.
Medida provisória
O dia amanheceu com a MP 927 que flexibiliza as regras trabalhistas durante a crise provocada pela pandemia de covid-19. Um artigo, no entanto, permitia a suspensão do contrato de trabalho por até quatro meses sem pagamento de salário, provocou críticas de economistas e políticos, que ameaçaram questionar a proposta no STF (Supremo Tribunal Federal) e pressionaram que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, devolvesse a MP ao governo. No início da tarde, o presidente Jair Bolsonaro prometeu revogar o artigo, o que depende da edição de uma nova medida provisória.
Pela manhã, o Banco Central tinha anunciado uma série de medidas que injetarão R$ 1,2 trilhão na economia.
Petróleo
A intensificação da guerra de preços do petróleo entre Arábia Saudita e Rússia continuou a pressionar o mercado. Os dois países estão aumentando a produção de barris, o que tem provocado uma redução na cotação internacional. O barril do tipo Brent recuperou-se levemente, cotado a US$ 27,33, alta de 1,3%.
Medidas do BC somam R$ 1,2 trilhão
O BC (Banco Central) anunciou novas medidas nessa segunda-feira que liberam R$ 1,2 trilhão em liquidez no mercado e outros R$ 1,2 trilhão em liberação de capital das instituições financeiras.
Os recursos de liquidez ajudam os bancos quando há uma escassez de recursos no mercado. Ou seja, quando há um desequilíbrio com muita gente querendo comprar ou vender o Banco Central injeta esses recursos para equilibrar a oferta e a demanda.
Com mais espaço de recursos, os bancos aumentam a capacidade de emprestar dinheiro e irrigar a economia. Além disso, também teriam mais robustez para aguentar os choques da crise do coronavírus.
Entre medidas novas e já anunciadas, o BC listou dez ações que visam dar liquidez para o sistema financeiro nacional e liberar capital disponível para empréstimos.
Em fevereiro, o Banco Central já havia anunciado uma injeção de R$ 135 bilhões na economia por mudanças na regulação dos depósitos compulsórios, que são um valor que os bancos precisam guardar em caso de crise.
Além disso, na semana passada, o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, colocou à disposição US$ 60 bilhões de dólares que poderiam ser utilizando pelo Banco Central do Brasil na ocasião da crise.
A partir dessa medida, as instituições financeiras poderão expandir sua capacidade de concessão de crédito em até R$ 200 bilhões.
O Banco Central também anunciou que diminuiu a porcentagem de recursos que precisa ficar em depósito nos bancos e liberou R$ 68 bilhões. Esses recursos são chamados de depósitos compulsórios e a redução na alíquota foi de 25% para 17%.
A liberação deve ter efeito a partir do dia 30 de março e, caso os efeitos da crise cessem até dezembro, o patamar da alíquota deve retomar o patamar anterior.