ECONOMIA

Diesel da Petrobras continua defasado mesmo após alta de 6%

Descubra a diferença de preços do diesel no Brasil e no Golfo do México. Saiba mais sobre a defasagem e o impacto no mercado de combustíveis - Foto: Geraldo Bubniak.AEN
Descubra a diferença de preços do diesel no Brasil e no Golfo do México. Saiba mais sobre a defasagem e o impacto no mercado de combustíveis - Foto: Geraldo Bubniak.AEN

Brasil - O preço do diesel a comercializado nas refinarias da Petrobras está 9% abaixo do praticado no Golfo do México, utilizado como referência do PPI (Preço de Paridade de Importação). A informação consta no boletim desta segunda-feira (3) da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). Na última sexta-feira (31), a estatal anunciou um aumento de R$ 0,22 no combustível a partir de sábado (1º), para R$ 3,72. Contudo o aumento seria insuficiente para cobrir a defasagem.

“Não estamos satisfeitos com o número, mas é uma iniciativa que a gente vê com bons olhos. Com esse ajuste, é necessário que a nossa moeda continue sendo valorizada e que tenha aí uma retração no valor das commodities no mercado internacional”, disse Sérgio Araújo, presidente-executivo da Abicom.

Já a gasolina, que não sofreu reajuste, tem uma defasagem menor, de 4%. Impulsionado pelas tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o petróleo operava em alta nesta segunda-feira. Suporte também pela manutenção do corte de produção pelos países da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) até setembro de 2026.

Refinaria de Mataripe

Apesar de seguir a PPI, a segunda maior refinaria do Brasil, responsável por 14% do abastecimento nacional de derivados de petróleo, optou por manter uma defasagem de 6% no diesel para não perder mercado. Em relação à gasolina, os preços da Acelen seguem em paridade internacional.

Caminhoneiros

O reajuste do diesel da Petrobras será discutido durante um encontro nacional da categoria no Porto de Santos, no próximo dia 8. Os participantes também abordarão temas como a fiscalização do Piso Mínimo de Frete, a Lei do Descanso, segurança nas rodovias e renovação da frota.

Por que mais caro?

A Petrobras fez um reajuste do preço do diesel e aumentou o ICMS, imposto arrecadado pelos estados sobre gasolina, etanol, diesel e biodiesel. No caso específico do diesel, a empresa elevou o preço nas refinarias em R$ 0,22 por litro (+6,2%) para reduzir uma defasagem de 17% em relação a preços internacionais. No caso do ICMS, o aumento da alíquota do ICMS foi de R$ 0,10 (essa alíquota vai passar por ajustes anuais).

Preço dos alimentos

O combustível ficou mais caro para os brasileiros, por causa do reajuste do preço do diesel pela Petrobras e do aumento do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Mas sabia que esse aumento no preço do combustível também pode encarecer alguns alimentos?

O diesel é o principal combustível de máquinas agrícolas e as fazendas ficam, em média, a 625 km dos portos de distribuição. Por isso, o aumento do combustível vai impactar os preços de grãos, hortifrutis e grãos.

Inclusive, o aumento vai chegar a alimentos que já vêm preocupando o governo federal, como café, óleo de soja, carne e laranja. Esses itens estão entre os alimentos que mais aumentaram de preço em 2024. Os principais fatores que influenciaram a inflação dos alimentos ao longo de 2024 foram a crise climática e a alta no preço do dólar.

A seca e o calor – que bateu recordes no ano passado – prejudicaram muito as colheitas de vários alimentos. No finalzinho de janeiro, o preço do café fechou o dia negociando a US$ 3,665 por libra-peso na ICE (referência global para os preços do café arábica), o seu maior preço em quase 50 anos.