Toledo – Ao contrário de um ano atrás, quando não havia exportado um único quilo de soja, o Município de Toledo bateu todos os recordes na venda da oleaginosa neste início de ano e reassumiu a liderança de exportadores do oeste do Paraná após mais de 20 anos.
Toledo faturou quase US$ 261,6 milhões nos cinco primeiros meses deste ano, 30% das transações regionais e mais que o faturamento total de 2018, quando registrou US$ 218 milhões.
Destaque para a soja em grãos, com 585 mil toneladas (quase US$ 200 milhões) enviadas especialmente para a China (345 mil toneladas – US$ 117,9 milhões). A Espanha comprou 111 mil toneladas (US$ 37,1 milhões), seguida pela Indonésia, com 39 mil toneladas e US$ 13,2 milhões.
Segundo a especialista de mercado e economista Regina Martins, a justificativa está no faturamento do cereal feito principalmente por uma cooperativa local, casada ao aumento da demanda chinesa. “A demanda da China é enorme… Os contratos firmados permitiram o envio, e também tem a ver com a guerra comercial entre os chineses e os Estados Unidos. Se a China não compra soja dos americanos, nós nos beneficiamos. Essa oportunidade fez com que boa parte do grão que ainda estava estocado da safra retrasada [na região de Toledo] fosse exportada, além de parte daquela que foi colhida há pouco”.
Para ela, nem mesmo os problemas sanitários chineses, que levaram ao sacrifício de milhões de cabeças de suínos, deve mudar esse cenário. “Além da suinocultura, os chineses precisam de muita soja para outros processos, principalmente se a queda de braços com os Estados Unidos se mantiver. Então, se tivermos o cereal para vender, eles vão comprar porque a demanda por lá é gigantesca”.
Região
O bom desempenho regional não foi só observado em Toledo. Os oito principais municípios exportadores do oeste já faturaram nos cinco primeiros meses deste ano US$ 935,2 milhões, volume 71% maior que o registrado no mesmo período de 2018 (US$ 546,1 milhões), valor observado apenas em agosto do ano passado.
Em toneladas, o crescimento foi ainda maior, de 157%: de 547,1 mil toneladas exportadas ano passado para 1,4 milhão de toneladas este ano. “Neste ano temos tudo para alcançar, pela primeira vez, a marca dos US$ 2 bilhões em exportações. Da forma como está caminhando, podemos inclusive superar esse valor”, estima a economista.
Carnes seguem na liderança
Apesar do destaque da soja, as carnes se mantêm como o principal item das vendas externas, sobretudo nos contratos firmados por Cascavel, Palotina, Cafelândia, Marechal Cândido Rondon e Medianeira.
As proteínas animais responderam por pouco mais de 60% das exportações do oeste – algo próximo de US$ 561 milhões, valor que sozinho já ultrapassou todas as exportações registradas nos cinco primeiros meses de 2018 na região. “A China vai precisar cada vez mais de carne por conta dos problemas sanitários. São produtos com valor agregado importantes para o oeste, onde estão cinco das dez maiores cooperativas do País. Isso gera emprego, renda e divisas”, explica a economista Regina Martins.
Mas nem tudo são flores e esse avanço nas vendas de proteínas para a Ásia neste ano levanta um ponto de preocupação. Além da carne de frango, a carne suína natural e processada que sai do oeste aumentou em cerca de 15% suas exportações neste ano – saiu de US$ 49,4 milhões e foi para US$ 57 milhões, dos quais somente em abril e maio somaram US$ 30 milhões. Quanto à carne de aves, elas quase dobraram nas vendas de janeiro a maio, puxadas essencialmente pelo mercado asiático.
Para o presidente da Copacol, Valter Pitol, este momento precisa ser muito bem aproveitado, mas carece de reflexões: “É um momento pontual por conta dos problemas sanitários enfrentados na China e depois que isso tudo se resolver? Precisamos pensar em estratégias para manter as exportações no mercado de modo que isso não traga um impacto negativo lá na frente”.
Especialistas acreditam que as condições na China possam levar de dois a cinco anos, período que, para Pitol, será fundamental para conquistar outros mercados e manter os bons níveis comerciais em ritmo acelerado.
E por falar em exportações em ritmo tão elevado, o crescimento registrado de janeiro a maio deste ano, tanto em percentuais como em valores financeiros, é o maior de toda a série histórica do oeste, registrando mais uma vez recorde nas comercializações. “Existe ainda outro ponto a ser mencionado. O dólar mais valorizado é extremamente positivo para as nossas exportações”, destaca Regina.
Importações e saldo comercial
As importações, que começaram o ano em ritmo acelerado, mantêm o crescimento. O avanço neste ano na região, de janeiro a maio, é de 23% se comparado ao mesmo período do ano passado.
Na liderança dos que mais compraram produtos de fora está Cascavel, com US$ 78,2 milhões, aumento de 56%.
Toda a região adquiriu de outros países nos cinco meses US$ 212,2 milhões, contra US$ 172,5 milhões ano passado, 23% a mais. O principal item importado são os compostos para produção de adubo.
Com a alta surpreendente das exportações e as importações em ritmo menor de crescimento, o saldo da balança comercial do oeste é bastante expressivo. Em cinco meses, ele já é 94% maior que o do ano passado: saiu de US$ 373,6 milhões para somar US$ 723 milhões. Em 2018, a balança regional fechou com saldo de US$ 1,1 bilhão.
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