Cascavel – Técnicos do Ministério da Saúde estão em Cascavel e devem passar o fim de semana por aqui fazendo vistorias para descobrir possíveis locais de contaminação da água que abastece a população. A ação visa investigar a causa do surto de diarreia registrado desde o início de dezembro do ano passado até agora e que ainda assombra as autoridades de saúde.
A reportagem do Jornal O Paraná apurou que os três técnicos do MS mais equipe da Secretaria Estadual de Saúde participaram de uma reunião na manhã dessa sexta-feira (1º) com o secretário de Saúde de Cascavel, Rubens Griep, para tratar do assunto. Conforme a Sesa, o encontro foi para discutir ações de investigação das possíveis causas do surto.
Já o Setor de Vigilância em Saúde do Município informou que a reunião teria sido apenas para avaliar exames e que, por conta do feriado de Carnaval, resultados de novos testes devem chegar quarta-feira (6) e que somente a partir de então novas ações serão definidas. No início da tarde dessa sexta-feira, a reportagem tentou contato com o secretário, mas ele não atendeu nem respondeu as mensagens. Na secretaria, a informação era de que ele já havia viajado.
Durante a reunião de ontem, os técnicos chegaram a pedir que a população fosse aconselhada a ferver a água para tomar, o que ajudaria a eliminar a causa da contaminação que estaria provocando diarreia.
O surto
Casos de diarreia vêm sendo registrados desde o fim do ano passado no Município com bastante frequência. De acordo com a Secretaria de Saúde de Cascavel, no último levantamento realizado, na semana de 10 a 16 de fevereiro, as UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) haviam notificado 699 casos de diarreia aguda. Mas houve picos maiores, a exemplo da última semana de janeiro, quando chegou a 804. Apenas neste ano, até 16 de fevereiro, as notificações totalizaram 4.764 casos de diarreia aguda atendidos nas UPAs, ou seja, não considera os atendimentos na rede particular.
Ainda de acordo com a secretaria, vários exames vêm sendo realizados visando identificar possíveis bactérias, vírus e até parasitas, mas que até o momento a causa ainda não estava confirmada. O novo boletim com números atualizados deve ser divulgado na próxima quarta-feira.
A água
A hipótese de a causa do surto de diarreia ser a contaminação da água já havia sido levantada anteriormente. Na ocasião, a Sanepar afirmou que segue padrão rigoroso de controle de qualidade e que garante a potabilidade da água tratada e distribuída para a população. A empresa disse ainda que acompanha a situação e que atende a todos os pedidos da Vigilância de Saúde Ambiental.
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Ministério estuda atividades para controle do surto e prevenção
Em contato com a reportagem do Jornal O Paraná na tarde de ontem, o Ministério da Saúde informou que, devido ao aumento do número de casos de diarreia em Cascavel, desde dezembro passado o Município e o Estado iniciaram investigação epidemiológica. Só que, em virtude da manutenção do número de casos e dos diversos agentes etiológicos encontrados, a Secretaria Estadual de Saúde solicitou apoio da pasta para contribuir com a investigação, já em andamento, a fim de identificar a fonte de contaminação. Neste momento, o quadro clínico referido é majoritariamente leve e autolimitado.
O Ministério da Saúde detalhou que enviou na quinta-feira a equipe de três profissionais da Secretaria de Vigilância em Saúde para Cascavel, cujas ações programadas com os gestores locais incluem análises de amostras clínicas e ambientais, visita aos serviços de saúde para busca ativa de casos e coleta e análise de dados. Além de encaminhamento de amostras clínicas e ambientais aos centros de referência para diagnóstico e implementação de atividades para controle do surto e prevenção de novos casos.
Ainda segundo o MS, também já houve orientação em relação às ações de vigilância da qualidade da água aos representantes do Vigiagua municipal.
Os técnicos foram orientados ainda a fazerem coleta de água nos dois mananciais que abastecem o sistema de Cascavel, bem como coleta da água de lavagem dos filtros. Essas amostras serão enviadas para o Instituto Adolf Lutz/IAL para pesquisar a presença de patógenos.
Por Carla Hachmann
