O foco da doença de Newcastle registrado em uma propriedade rural de Anta Gorda, no Rio Grande do Sul, levou as autoridades daquele estado a reforçar as medidas de biossegurança. A Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, a Seapi, implantou oito barreiras sanitárias. Deste total, cinco estão localizadas a três quilômetros do foco e três na área de vigilância, ou seja, a dez quilômetros do entorno da propriedade.
Até a conclusão de todas as atividades e comprovação da ausência de circulação viral, será preciso conviver com o embargo comercial pelos próximos três meses. Esse é o prazo para o reconhecimento internacional de retorno ao status sanitário anterior.
O embargo afeta 5% da produção total mensal da proteína e 15% das exportações brasileiras. A informação é da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). O envio de produtos agrícolas está suspenso para China, Argentina, Peru e México. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estabeleceu restrições de exportação avícolas a mais de 40 destinos.
O Brasil é responsável pela produção mensal de 1,2 bilhão de toneladas de carne de frango. Deste total, 430 mil são para saciar a fome do mercado externo. O impacto direto envolve entre 50 mil e 60 mil toneladas, gerando a necessidade de redirecionar o produto a outros mercados consumidores.
Se utilizar como régua a receita gerada no ano passado com as exportações, que totalizou US$ 9 bilhões, com o embargo afetando 15% de toda a produção destinada ao exterior, os prejuízos estimados nos próximos três meses no Brasil – que é o tempo que deve durar o embargo se caso nenhum outro caso for registrado -, chega perto de US$ 500 milhões. Convertendo para a moeda brasileira, as perdas estimadas nos próximos 90 dias são de pelo menos R$ 2,5 bilhões.
De acordo com a diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Seapi, Rosane Collares, fiscais estaduais agropecuários e técnicos, apoiados pela Brigada Militar, realizam a desinfecção dos veículos e controlam a movimentação dos animais, camas aviárias, esterco e outros produtos que podem transportar o vírus causador da doença.
Prefeitos de Anta Gorda, Putinga, Ilópolis, Relvado e Doutor Ricardo, participaram de uma reunião na segunda-feira. Esses municípios fazem parte do raio de dez quilômetros a partir do foco central do caso. “É importante alinhar as informações com todos os municípios: explicar exatamente o que é um foco de Newcastle, as medidas a serem tomadas, como trabalhar na região e quais os impactos locais”, comenta a diretora.
As medidas de biossegurança também envolvem a vigilância ativa. Consiste em visitas às propriedades no raio de dez quilômetros a partir do foco. Ao todo, são 870 estabelecimentos entre granjas comerciais e criações de subsistência. Ao todo, já foram vistoriadas 274 propriedades entre as quais, 14 granjas de corte na área de abrangência do foco. “Não identificamos qualquer outra ave com sinais compatíveis com a doença de Newcastle”, informa diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Seapi.
Três casos suspeitos foram descartados e um quarto, ainda aguarda o resultado dos exames. A coleta foi em Progresso e o material encaminhado para o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Campinas.
No Paraná
No 1º trimestre de 2024, o Paraná teve o segundo maior no abate de frangos, o que também manteve o Estado como líder nacional na produção de carne de frango. O Estado abateu 3,83 milhões de cabeças a mais entre janeiro e março de 2024 do que em relação ao mesmo período do ano passado (de 546,9 milhões para 550,7 milhões), uma alta de 0,7% que só foi menor do que a registrada em Santa Catarina, onde houve aumento de 7,13 milhões de unidades.