Cotidiano

Risco de geada ameaça metade da área de milho da segunda safra da Região Oeste

Risco de geada ameaça metade da área de milho da segunda safra da Região Oeste

O “inverno” começou com mais calor que frio e as chuvas registradas desde o início de julho e intensificadas nos últimos dias, não têm preocupado tanto os produtores rurais como o risco de geada previsto para esse fim de semana, com maiores probabilidades de ocorrência neste sábado. O temor maior é com relação à metade de produção do milho segunda safra, ainda verde. Esse milho está sob risco de perda, caso as geadas se confirmem. A informação é do engenheiro agrônomo e especialista em sementes há mais de três décadas, Airton Cittolin, em entrevista concedida ao Jornal O Paraná.

Na região oeste, as primeiras áreas com milho segunda safra começaram a ser colhidas. Essa condição é atribuída ao atraso no plantio. “Se gear, metade de toda a produção regional de milho segunda safra está sob risco. Tomara que essa previsão de geada não se confirme”, destaca o engenheiro agrônomo.

De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, no fim de junho, 3% das lavouras estavam na fase de florescimento, 65% na fase de frutificação e 32% na maturação, com 3% da área colhida. Além disso, 82% das lavouras foram classificadas como em boa condição, 15% em condição mediana e 3% ruim.

 

Temperaturas

As chuvas registradas nos últimos dias não provocaram tantos danos como se imaginava. O maior problema, na verdade, foi o vento, provocando o chamado “acamamento” nas culturas de milho segunda safra e também no trigo. A vantagem para esse inverno, segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), é a expectativa de temperaturas mais altas para esse período devido ao efeito El Niño, fenômeno natural que aquece as águas do Oceano Pacífico e apresenta reflexos no clima de todo o planeta.

As temperaturas mais baixas começaram a aparecer agora, no fim da primeira quinzena do mês. O frio também é considerado favorável para conter a disseminação de pragas no campo. “Por enquanto, não dá para se queixar do clima este ano”. De acordo com informações obtidas junto ao Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná), até agora, o dia mais frio do ano em Cascavel foi 18 de junho, com 4.2°C.

 

Chuvas

Em relação às chuvas, com auxílio da Sanepar, em Cascavel, o Jornal O Paraná teve acesso ao volume de chuvas registrado do início de julho até sexta-feira (14). A diferença neste mesmo período do ano passado com esse ano é considerável. Nos primeiros 14 dias de julho deste ano, já foram 153 milímetros de chuva, contra tímidos 35 milímetros no mesmo período de 2022. Do início do ano até agora, o acumulado soma 1.089 milímetros, contra 936 milímetros de janeiro a junho do ano passado.

Em janeiro deste ano, choveu 159 milímetros, ante 244 milímetros no referido mês, em 2022. Fevereiro deste ano fechou com 357 milímetros, muito superior aos 45 milímetros do mesmo período do ano passado. Em março deste ano, foram 74 milímetros, muito abaixo dos 327 milímetros de 2022. No mês de abril, o pluviômetro da Coopavel marcou 168 milímetros, contra 325 milímetros no mesmo mês de 2022. Em maio deste ano, foram 75 milímetros, abaixo dos 169 milímetros de igual período do ano passado. Em junho de 2023, 103 milímetros, contra 186 milímetros de 2022.

 

Feijão e trigo

No Oeste, o feijão segunda safra está praticamente colhido, restando apenas 5% no solo. O trigo foi plantado em diferentes épocas, com bastante espaçamento de período. Conforme o engenheiro agrônomo Airton Cittolin, a cultura é mais suscetível ao frio e se a geada surgir com intensidade moderada, não afetará a cultura.

No mês passado, a chuva ficou concentrada durante poucos dias em boa parte das regiões do Estado. Seu surgimento ocorreu entre os dias 11 e 15 e 21 e 23. A média estadual de precipitação foi de 97,4 mm, ante a médica histórica de 117,1 mm. Os dados foram compilados junto ao Boletim Agrometeorológico do IDR-Paraná. Já com relação às temperaturas máximas e mínimas, junho teve variabilidade. Em média, a máxima no Paraná foi de 22,3ºC, enquanto a média histórica é de 22,2ºC.

Ainda no mês de junho, geadas leves e moderadas ocorreram no sul do Estado, entre os dias 17 e 20. Já a safra de feijão segunda safra, conta com uma área 90% colhida. A seca em abril e maio prejudicou o desenvolvimento, crescimento e produtividade de algumas lavouras de feijão. As lavouras com chuva na colheita tendem a apresentar redução na qualidade dos grãos. Sobre o trigo, até o fim do mês, 96% foram semeados no Paraná. Os demais cereais de inverno, como aveia, sorgo, cevada, centeio e triticale, apresentaram um desenvolvimento favorável.

 

Fim de semana com sol

Depois das chuvas intensas registradas na semana, a sexta-feira teve queda na temperatura, mesmo com o sol predominante. Com base na precisão do Simepar, neste sábado, o tempo fica estável, com o sol predominando em todo o Paraná. Em Cascavel as temperaturas variam entre 7ºC e 17ºC; domingo terá mínima de 10ºC e 18ºC. As temperaturas continuam baixas entre a madrugada e as primeiras horas do dia, com possibilidade de temperaturas negativas no sul do Paraná. As condições são favoráveis para a formação de geadas em várias regiões.