Acompanhe a novela da Rodoviária de Cascavel: poeira, barulho e muita esperança em meio à reforma interminável - Foto: Paulo Alexandre/O Paraná
Acompanhe a novela da Rodoviária de Cascavel: poeira, barulho e muita esperança em meio à reforma interminável - Foto: Paulo Alexandre/O Paraná

Cascavel e Paraná - Quem já se aventurou a reformar a própria casa enquanto mora dentro dela sabe que paciência vira item de primeira necessidade. A promessa é sempre a mesma: “vai ficar lindo”. Mas, até lá, convivemos com poeira, barulho e aquela sensação diária de “por que eu fiz isso comigo?”. E é exatamente nesse clima de obra interminável que vive a Rodoviária de Cascavel: todo mundo dentro, a obra no meio, e o caos bem distribuído – “trocando o pneu com o carro andando”!

Foto: Paulo Alexandre/O Paraná

Todo mundo dentro resume bem uma obra pública que está deixando os funcionários com o “cabelo em pé”, uma verdadeira novela que a cada novo episódio tem uma pimenta na história. A obra da tão sonhada “Nova Rodoviária” da cidade – que merecia há anos um espaço mais moderno, mais seguro e com menos pilantragem – era para ter ficado pronta do fim de setembro, mas como “quase tudo” no serviço público atrasa, é claro que ela também e um novo prazo foi dado, março de 2026.

Só que nem só de trabalho o homem vive a obra também vai tirar férias. Férias? Isso mesmo, o que já estava atrasado vai demorar um pouco mais. A partir da próxima segunda-feira (15) o ritmo da obra que já está devagar, vai diminuir um pouco mais e só retorna depois da primeira semana de janeiro, mas daí em “força total”, expressão utilizada pelo o secretário municipal de Serviços e Obras Públicas de Cascavel, Severino Folador.

Questionado sobre a “paradeira” de pelo mais de 20 dias nas obras, Folador disse que a decisão foi tomada porque aumenta e muito o volume de passageiros no prédio público, devido ao período de férias e de festas. “A nossa previsão é diminuir bem os trabalhos para que não prejudique as pessoas que vão transitar aqui na nossa Rodoviária”, explicou o secretário.

Segundo a direção da Rodoviária que é administrada pela a Transitar, para este ano o aumento de passageiros vai ficar na faixa de 45% a 60%, baseado em dados das empresas de transporte que fazem as vendas das pessoas. Somente neste primeiro semestre do ano, passaram pelo o local uma média de 1, 5 milhão de passageiros. Os dados são fechados a cada semestre pela a autarquia.

Foto: Paulo Alexandre/O Paraná

Vai cair água!

Paralelo às obras, no início do mês o local virou notícia após uma “chuvarada” cair mais dentro do que fora, atingindo em cheio os guichês das empresas recém-instaladas: um “banho de inauguração”. Folador afirmou que o problema foi causado pelo entupimento das calhas antigas, cuja troca não estava prevista na reforma. Do telhado antigo, serão substituídas apenas as folhas transparentes, feitas sob medida para o terminal.

O secretário afirmou que “o que deu para arrumar, arrumaram”, mas admite que a cada chuva o coração bate mais forte. E não é para menos: corredores do segundo piso viraram piscininha improvisada, empresas tiveram prejuízos com equipamentos e algumas ficaram mais de 24 horas sem atender. Vídeos nas redes sociais mostraram água escorrendo em grande volume por luminárias e pontos da estrutura. O temporal também deixou o prédio sem energia elétrica, ampliando os transtornos para passageiros e dificultando a limpeza emergencial.

Foto: Paulo Alexandre/O Paraná

Só faltam 10%!

Folador admite que a obra enfrentou diversos problemas, mas afirma que agora segue o cronograma e já atingiu 90% de conclusão. Assim que forem finalizados, os espaços serão entregues gradualmente à Transitar, incluindo os novos boxes.

“A obra abrange 18 mil metros quadrados da antiga rodoviária. A parte externa — paisagismo e revitalização do asfalto — vamos discutir com a Transitar a partir de janeiro”, explicou.

Mesmo com investimento de cerca de R$ 20 milhões, o pátio onde ficam os ônibus não será reformado agora. Além disso, as duas “estrelas” da obra — a escada rolante e o elevador — ainda não funcionam adequadamente devido a ajustes imprevistos na rede elétrica, tão antiga quanto as paredes do prédio.

No dia 29 de novembro, uma sobrecarga deixou um homem preso dentro do elevador. O Corpo de Bombeiros precisou ser acionado, mas ninguém ficou ferido. O secretário reconheceu falhas no projeto elétrico, na acessibilidade externa, na retirada de entulhos e até nos tapumes.

Ovos de ouro

A obra começou em março do ano passado e é tocada pela Construtora Alom, vencedora da licitação. O dinheiro veio da Secretaria Estadual das Cidades, via transferência voluntária — aquele tipo de recurso que não precisa ser devolvido, mas que precisa ser bem aplicado. O prédio tem dois andares, 32 plataformas e recebe cerca de 11 mil ônibus por mês.

O projeto prevê que o piso inferior seja exclusivo para embarque e desembarque, enquanto o piso superior concentrará lojas e lanchonetes — acabando com a atual mistura de fluxos. A reforma inclui sala de embarque, praça de alimentação, novos guichês, terminal de encomendas, sanitários, catracas, escadas rolantes, elevadores, acessibilidade completa, nova parte elétrica e estacionamentos.

Como a obra vai atravessar o ano, a empresa também terá direito a um aditivo de mais de R$ 700 mil. Afinal, se a reforma não acaba, pelo menos os custos continuam crescendo.

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Quem foi Helenise Tolentino?

O nome da rodoviária homenageia Helenise Pereira Tolentino, esposa do ex-prefeito Fidelcino Tolentino, falecida em 1978. A lembrança dela está marcada em outras obras importantes, como o Parque Tecnológico Industrial e a Fundetec. Helenise, embora não fosse figura política, deixou sua marca pela ligação direta com o período de grandes transformações da cidade, durante as gestões de Tolentino(1983–88 e 1993–96).

Durante a Administração Tolentino, Cascavel recebeu grandes obras, incluindo ainda a barragem do Lago Municipal, e a instalação de instituições de ensino como a Unioeste e a Univel.