SÃO PAULO – A confirmação de Ilan Goldfajn para a presidência do Banco Central e os novos nomes da equipe econômica foram bem recebidos no mercado financeiro, assim como a proposta de autonomia técnica para a autarquia. Profissionais do setor destacaram a experiência do indicado para o BC tanto na esfera pública como na iniciativa privada. Também acreditam que ele e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, irão trabalhar em harmonia para restabelecer a credibilidade da área econômica.
O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, destacou o papel de Ilan no processo de retomada da economia. “Sua missão será chave para o sucesso da equipe estruturada pelo ministro Henrique Meirelles, no desafio de alcançar a condição de relançar a economia brasileira a um novo tempo de crescimento, emprego e conquistas sociais”, afirmou, em nota.
Já o economista-chefe da Azimut Brasil, destacou que o indicado à presidência do BC – o nome dele será submetido ao Senado Federal – irá trabalhar de forma alinhada com Meirelles. Sobre a proposta de autonomia técnica da autarquia, viu como uma sinalização positiva.
? Acho que é uma questão positiva. O BC deve estar protegido das questões políticos. Mas é importante ter um mandato para garantir o poder de compra da população, ou seja, não ter o imposto inflacionário. O BC precisa ser o fiel defensor da moeda brasileira, livre de qualquer demagogia ? afirmou.
Em coletiva à imprensa, Meirelles afirmou que o governo do presidente interino, Michel Temer, vai encaminhar ao Congresso proposta de autonomia técnica. Isso significa formalizar “o que hoje é um acordo verbal”. Ou seja: não haverá, neste primeiro momento, proposta para independência formal, que enseja fixação de mandatos para a diretoria. A independência formal será discutida posteriormente.
Para Ignacio Crespo, economista da Guide Investimentos, lembrou que desde a semana passada, quando o nome de Goldfajn já era dado como certo, a curva de juros recuou. Isso porque a expectativa é que ele comece a cortar a taxa Selic assim que possível. Sobre a autonomia do BC, ele considera ser importante, mas que Meirelles não deveria, neste momento, gastar capital político com o tema, já que há outras questões consideradas mais importantes para serem discutidas.
? A Fazenda vai fazer um trabalho que vai facilitar a vida do BC. Se fosse um cenário diferente, talvez essa discussão sobre independência fosse mais importante. Vejo hoje como uma preocupação secundária e o Meirelles deveria gastar esforço político em outras reformas, como a questão fiscal ? avaliou, reforçando que também acredita em uma melhor comunicação do BC com o mercado a partir de agora.
Alberto Ramos, economista chefe do Goldman Sachs para a América Latina, destacou que a equipe econômica de respeito, com pessoas com experiência tanto na esfera pública como privada. “Isso deveria permitir ao governo estabelecer uma mudança clara de regime em termos de orientação de política macroeconômica, saindo da experimental e intervencionista “nova matriz econômica” perseguida pela administração anterior”, afirmou, em relatório.
No entanto, o economista do Goldman lembra que o sucesso da equipe econômica dependerá do suporte político e da capacidade do governo Temer assegurar no Congresso o suporte para as mudanças necessárias, em especial no que se refere às contas públicas.