Quando se pensa em educação de qualidade com grandes estruturas e um corpo docente qualificado, é natural fazer uma relação com grandes centros como São Paulo e Curitiba, por exemplo. Mas, você sabia que em Cascavel existe uma estrutura que faz a diferença? Estamos falando do campus do IFPR (Instituto Federal do Paraná), uma instituição pública federal de ensino vinculada ao MEC (Ministério da Educação), por meio da Setec (Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica).
A estrutura é relativamente “nova” e a reportagem do Jornal O Paraná foi conhecer o local que fica no Bairro Floresta, e conversar com a direção, alunos e professores para trazer aos leitores informações sobre a proposta do instituto, cursos e a difícil missão para ingressar em um dos cursos que tem concorrência bastante acirrada nas diferentes modalidades de ensino.
O campus de Cascavel tem educação superior, básica e profissional, especializada na oferta gratuita de educação nas diferentes modalidades e níveis de ensino. A instituição foi criada em dezembro de 2008 através da Lei 11.892, que instituiu a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica e os 38 institutos federais hoje existentes no país. Com a lei em vigor, a Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná, a ET-UFPR, foi transformada no IFPR, que hoje possui autonomia administrativa e pedagógica.
Rede estadual
O IFPR possui um total de 20 campi, 6 campi avançados e 4 centros de referência distribuídos por todo o Paraná. A instituição agrega 29 mil estudantes, 1.430 docentes e 965 técnicos administrativos em educação, ofertando 310 cursos técnicos, de graduação, de qualificação profissional e de pós-graduação.
De acordo com o diretor geral do IFPR de Cascavel, o professor Luiz Carlos Eckstein, a estrutura atual na Capital do Oeste conta com 42 professores, 34 servidores e mais 12 profissionais terceirizados, atendendo a uma público de 600 alunos. Por ser campus, a direção tem autonomia pedagógica e financeira, portanto todos os processos de compra e de administração ocorrem diretamente aqui, totalmente custeados com recursos federais.
Atualmente o instituto oferece três cursos técnicos de informática, química e edificações, que é o ensino médio integrado, dois cursos superiores de licenciatura em química e de desenvolvimento de sistema e uma pós-graduação em técnicas da sociedade e da educação. Todos têm 3 anos de duração e as aulas ocorrem, dependendo do curso, de manhã, tarde ou noite, no caso dos cursos superiores.
“No curso de técnico de edificações o aluno sai formado como técnico e pode, por exemplo, assinar projetos de edificações que tenham até 80 metros quadrados”, exemplificou o diretor.
“Desafio”
O grande desafio, segundo Eckstein, é “conquistar” uma vaga dentro da instituição, que funciona em sistema de cotas. Cada nova turma conta com 40 vagas, mas 80% delas são destinadas a cotas. Deste total, 60% são para “cota social”, destinadas a alunos que sempre frequentaram uma escola pública, 10% racial (negros ou pardos), 5% para deficientes e 5% para a população indígena. Apenas 20% é destinado para a ampla concorrência (aberta para toda sociedade).
O ingresso em uma das vagas ocorre por meio de processo seletivo, sempre antes do início do ano letivo. No campus de Cascavel, cerca de 80% dos docentes tem doutorado e o restante são mestres ou cursando diferentes especializações.
Estrutura
O IFPR foi construído em uma antiga área rural com 62 mil metros quadrados, sendo que destes, cerca de 5 mil metros estão edificados, com quatro prédios e um ginásio de esportes. Um novo prédio está sendo construído e vai abrigar o laboratório do curso de edificações. A estrutura começou a ser construída há três anos, mas durante a pandemia acabou parando. “Agora uma nova empresa assumiu a obra e aguardamos ansiosos pelo seu término”, relatou o diretor.
O local conta com uma cantina terceirizada, uma ampla biblioteca, estúdio de TV e sala para videoconferência e ainda um local preparado que os alunos possam fazer sua refeição, quando as aulas são pela manhã e a tarde. “Temos um refeitório com seis micro-ondas, ou seja, o aluno que precisa estudar no período do contraturno, pode trazer o almoço, fazer sua refeição aqui, sem precisar sair de dentro do instituto”, disse. No curso, dois dias da semana o aluno precisa estudar em contraturno e nos outros dias, tem ainda a possibilidade de aulas de reforço, já que todos os professores precisam dedicar 4 horas por semana de atendimento ao aluno.
Luiz Carlos Eckstein disse ainda que a diferença na educação é que mistura uma educação de escola técnica com uma universidade e que “prima pela qualidade, organização e disciplina”. Além disso, os alunos têm acesso a projetos complementares como robótica, futsal, química e física. Parte deles são bolsistas, ou seja, recebem uma ajuda financeira mensal para o desenvolvimento dos projetos. “Tivemos um grupo de foi receber um prêmio de robótica no Recife há alguns meses”, contou.
Equipe multidisciplinar
O IFPR de Cascavel conta com uma equipe multidisciplinar com diversos profissionais, como psicólogo, assistente social, técnico em assuntos educacionais e assistente de aluno. Eles fazem o acompanhamento dos alunos e da família, inclusive com visitas aos pais. Toda a estrutura é monitorada por câmeras, exceto nas salas de aula.
Quem visita a estrutura, percebe a organização e cuidado dos educadores com os alunos e ambiente de ensino. Durante o horário das aulas, não há circulação de pessoas nos corredores da instituição e o silêncio interno é fator bastante positivo para quem quer estudar, com salas climatizadas e diversos laboratórios totalmente equipados.
Em busca da Medicina
A aluna Ester da Luz Silva, 15 anos, entrou no IFPR neste ano para cursar química pelo ensino fundamental e disse que está surpreendida pela estrutura, forma de ensino e professores. “Eu vim de escola pública e já estou sentindo muita diferença aqui, tanto na qualidade dos professores, quanto na cobrança mesmo por um estudo meu o que eu acho muito importante”, relatou.
Ester tem um irmão mais velho que já estuda no local e confessou que ficou impressionada com a estrutura, conservação e principalmente com a biblioteca e os laboratórios. “Decidi cursar química porque meu sonho é ser médica e sei que levando a sério o que os professores ensinam aqui estou mais perto desse sonho”, concluiu.