O HUOP (Hospital Universitário do Oeste do Paraná) realizou a primeira reconstrução de crânio com um molde 3D. Essa tecnologia é utilizada pela primeira vez em um hospital público da região, e tem como objetivo facilitar os procedimentos. “Essa cirurgia sem o molde não teria a mesma qualidade final, pois o contorno seria feito à mão livre, e quando as falhas são grandes no crânio é difícil ter uma assimetria tão boa”, explica o neurocirurgião Marcius Benigno Marques dos Santos.
A tecnologia usada foi possível através de uma parceria com uma startup da cidade de Toledo, Segmenta Biomodelos. “A ideia do projeto é produzir o molde com baixo custo, justamente para atender o Sistema Público de Saúde. Esse é apenas o início, a tecnologia vem para ajudar muito em cirurgias como essas, e a expectativa é que possamos ver esses pacientes voltando a rotina normal deles e sorrindo novamente”, ressalta o especialista em Engenharia Biomédica e responsável pela startup, Eduardo Garcia.
Para essa reconstrução, foi necessário um planejamento cirúrgico para definição da assimetria do crânio. O paciente que realizou essa cirurgia com o molde 3D foi operado em 2012 e desde então aguardava uma reconstrução de crânio. “Não temos banco de ossos na região, então em algumas situações é possível guardar o osso para reconstrução no abdômen, já quando não é possível é quando começa os problemas e um molde como esse pode nos ajudar”, ressalta Marcius.
De acordo com ele, o maior benefício dessa reconstrução para o paciente é o cérebro protegido. “Em questões motoras e de fala o paciente estava muito bem, mas sem essa reconstrução é necessário cuidar com algumas questões, como por exemplo, jogar futebol, não é permitido. É necessário o cuidado para não cair ou bater a cabeça, então essa reconstrução é essencial para que esses pacientes que sobrevivem a traumas ou tumores possam voltar à rotina normal”, enfatiza Marcius.
Antes da colocação do molde, foi necessário ainda separar a espessura da pele da membrana que cobre o cérebro, para que então o molde pudesse ser encaixado. Cirurgia com duração de horas, e de acordo com o neurocirurgião, essas reconstruções são realizadas ao menos uma vez ao mês no Huop. “É uma cirurgia realizada com bastante frequência e com toda certeza, essa tecnologia é muito importante para que possamos ter resultados cada vez melhores, e não apenas na neurocirurgia, mas um molde 3D pode ser utilizado outras especialidades também”, finaliza Marcius.
A parceria também foi possível através também de outro projeto de residência em Neurocirurgia do Huop, realizado pelo médico, Álvaro Moreira da Luz, orientado por Marcius Benigno Marques dos Santos, que apresentou o trabalho de aplicabilidade do molde 3D.