Cotidiano

Focos de Aedes em área pública revoltam moradores

O local abrigou por anos o Colégio Washington Luiz, mas o prédio foi desativado após um incêndio e demolido no fim do ano passado.

Escola foi demolida para dar lugar à Delegacia Cidadã - Foto: Fábio Donegá
Escola foi demolida para dar lugar à Delegacia Cidadã - Foto: Fábio Donegá

Diversos focos de mosquito Aedes aegypti, com larvas e pupas (larvas em vias de se transformar em mosquito), foram encontrados em um terreno no Centro de Cascavel. O local abrigou por anos o Colégio Washington Luiz, mas o prédio foi desativado após um incêndio e demolido no fim do ano passado. O espaço foi destinado para ser construída a Delegacia Cidadã, transferindo a estrutura da 15ª Subdivisão Policial. Não tem previsão alguma de construção. Hoje, destroços e lixo ocupam o local.

Na tarde de ontem (3), agentes de endemias encontraram os focos. Em meio aos blocos de concreto há todo tipo de lixo, inclusive plásticos com água acumulada, cenário perfeito para a proliferação do mosquito transmissor da dengue.

O imóvel pertence ao Estado. De acordo com nota emitida pelo Setor de Controle de Endemias, vistorias são feitas no local rotineiramente e os agentes já emitiram várias notificações de orientação. De tempos em tempos agentes passam pelo local para evitar o acúmulo de água parada. Só que o imóvel é ocupado por moradores de rua e usuários de drogas ilícitas, que deixam lixo, voltando novamente o problema.

Durante as inspeções, quando constatada a presença de lixo, os órgãos responsáveis são comunicados. Salientando que a função de recolhimento de resíduos não é do agente de endemias.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, que afirmou não ter sido notificada sobre a situação e que a limpeza compete à Secretaria Estadual da Educação, que foi procurada, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.

Caso registrado e revolta

Os moradores das proximidades do imóvel se revoltam com a situação, especialmente depois de um vizinho ter sido internado e confirmado diagnóstico de dengue. “Uma situação lamentável. Nosso vizinho Pedro Lecheta está hospitalizado com dengue. Na empresa dele não tem foco [de mosquito], assim como aqui, na minha casa, também não. Eu e minha esposa cuidamos muito do terreno, das plantas e das calhas, mas, se no terreno ao lado tem focos, o mosquito pode chegar aqui”, afirma o aposentado Lauro Lazaroto.

Ele diz que, além do poder público zelar pela limpeza do local, a população também precisa ter consciência e fazer a sua parte. “O governo precisa limpar aquilo ali, tirar o entulho e a sujeira, mas a população que vai ali e joga lixo também precisa repensar as atitudes. Não adianta ter um governo que se preocupa se nós mesmos não fazemos o básico, que é destinar o lixo para o lugar correto”, alerta Lauro.

Outro morador, que pediu para não ser identificado, afirma que é comum o descarte de lixo no local: “Todos os dias para carro ali e joga lixo… Tinha que ser cercado o terreno, tirado todo o lixo e o entulho dali e não deixar ninguém mais ter acesso, só assim para evitar que a dengue se prolifere. Soube de mais outro morador próximo do terreno com suspeita de dengue… A situação é preocupante”.

Casos confirmados

No boletim divulgado na última segunda-feira (2) pelo Município, já foram confirmados 392 casos de dengue em Cascavel. O aumento é de 37% em uma semana. Além disso, outros 704 casos estão em análise por serem considerados suspeitos e 636 foram descartados.

Vale destacar que o Município conta com alto índice de infestação de 5,2% do LirAa (Levantamento de Índice Rápido Amostral por Aedes aegypti), deixando o cenário cada vez mais preocupante.