Cascavel - Cascavel é exemplo de cidade grande que não para de crescer. E, com a expansão urbana, naturalmente, aumenta o fluxo de veículos tanto no centro quanto nos bairros e com grande quantidade de veículos, as ruas que já estavam “lá aquelas coisas”, acabam piorando com mais com buracos, ondulações e uma série de outros problemas.
Exatamente por conta disso, as obras são inevitáveis – algumas urgentes. inclusive – e mudam o cenário de antigas ruas e avenidas. Pistas mais largas, calçadas refeitas, canteiros centrais remodelados ou eliminados, base nova e mais resistente, sinalização e adequação das galerias pluviais.
E, tecnicamente falando, com mais asfalto e calçadas, a impermeabilização do solo é um consequência natural também preocupante, afinal “pra onde vai o aguaceiro da chuvarada?”
“Medo da chuva”
Em vias conhecidas e cruciais de Cascavel, como as avenidas Carlos Gomes e Piquiri, antes estreitas, cheias de buracos e irregularidades na pista, agora o tráfego está mais “suave”, porém, o medo agora é da chuva!
Nestas vias e também em outros pontos da cidade, basta uma chuva um pouco mais volumosa, e as piscinas se tornam o terror de moradores e comerciantes. O problema é que além de “pequenas”, as galerias pluviais (e as bocas de lobo) entupidas fazem com que a água procure um caminho e, quase sempre, cobrem as calçadas e “visitam” casas e estabelecimentos comerciais. E o prejuízo é certo!
O que chama mais a atenção são justamente naquelas ruas em que estão obras praticamente finalizadas, como no caso a nova Avenida Carlos Gomes com o binário da Rua Alexandre de Gusmão. A situação na Rua Jacarezinho deixou moradores com sérios problemas com as chuvas neste início de ano.
E, por enquanto, ninguém consegue cantar a música do Raul: “Eu perdi o meu medo, o meu medo, o meu medo da chuva…”
Tubulação estreita?
Assim como as redes sociais aproximam as pessoas e expõe à vida social que pode ser “stalkeada”, elas também são um mural para as pessoas registrarem suas reclamações e elogios. Os famosos alagamentos pela a cidade, além de receber destaque das redes sociais nos dias mais intensos, também são alvo de muitas críticas e a principal delas é a própria Avenida Carlos Gomes.
“É só chover que alaga!”; “Mexeram em toda a avenida e trocaram os canos por pequenos? Será que o engenheiro sabe medir o buraco?”. Estas são algumas das afirmações que as pessoas estão postando, expressando indignação, já que quando uma rua é “nova”, o que se espera é que ela não tenha problemas.
Fatos x alagados
No fim de janeiro as fortes chuvas trouxeram problemas desta vez para uma loja de atacado e varejo na Avenida Carlos Gomes. Quando funcionários chegaram para trabalhar se depararam com a loja toda alagada, reflexo do problema de tubulação da nova avenida que não suportou o volume de água. O resultado disso foi um prejuízo de mais de R$ 10 mil e muito trabalho para limpar. Além disso, a própria empresa quebrou as calçadas para trocar a tubulação.
No último dia 9, domingo, viralizou vídeo de um morador da Avenida Piquiri que flagrou a via toda alagada, entre as ruas do Amor e Solidariedade. O morador relatou que com as tempestades cada vez mais frequentes, a precariedade da drenagem fica cada vez mais evidente. Ele lembrou que o problema existe desde outubro do ano passado e que, inclusive a Secretaria de Obras foi comunicada, mas, por enquanto, nada foi feito. A avenida nova é bonita “por cima”, mais “por baixo…”
Culpa de quem?
A Prefeitura de Cascavel reconhece o problema, relatando que em toda cidade tem mapeados entupimentos em pelo menos 1,5 mil bueiros entupidos, reflexo também da falta de cuidado da própria população. Segundo o Município, a cada manutenção realizada, são encontrados restos de construção, lixo de toda espécie e até móveis dentro dos bueiros. Outro pedido é para que os condutores não estacionem veículos sobre as calçadas para não danificar as tampas dos bueiros.
Sobrou para o “El Niño”
A reportagem do Jornal Hoje Express conversou com o secretário municipal de Serviços e Obras Públicas, Sandro Rocha Rancy que falou que é preciso primeiro entender que as fortes chuvas decorrem do “El Ninho”, um volume de chuvas maior do que o normal, trazendo problemas no campo e na cidade. Ele explicou que com um grande volume de chuva num curto espaço de tempo, a drenagem urbana não dá conta.
“Quando nós temos uma chuva normal, dentro de parâmetros normais, as nossas obras, a nossa drenagem urbana, ela consegue dar vazão”, disse, destacando que o que está acontecendo são os eventos chamados “bomba d´água”. “A nossa equipe de engenharia já está se preocupando com isso, por isso que todas as nossas obras, nós fazemos intervenção na drenagem urbana”, disse ele.
Rancy disse que eles estão monitorando ao todo 86 pontos de alagamentos e preparando soluções de engenharia para locais com problemas antigos como a Ponte do 14 de Novembro, a baixa da Rua Salgado Filho no Canceli, entre outras. “A Prefeitura não faz obra para prejudicar as pessoas, a gente faz obra para melhorar a vida das pessoas. Mas o que a gente pode observar também é que em diversas casas que tiveram problema de alagamento, a soleira da porta está abaixo do meio fio; está muito abaixo da rua e isso contribui bastante. Então pedimos atenção para que quando os moradores foram construir as suas casas”, comentou ele.
Jacarezinho
Sobre o alagamento da Rua Jacarezinho, Rancy explicou foi registrado um problema no Zoológico o que, possivelmente, afetou a Rua Jacarezinho mas que já está sendo sanado. “Estamos colocando um novo manilhamento, justamente porque ali é um grande volume de água. Então, a obra da Jacarezinho, o asfalto está praticamente pronto, faltando alguns pequenos detalhes”, garantiu.
Paciência, teremos um novo emissário!
Sobre as “piscinas” da nova Carlos Gomes, Sandro Rancy disse que “existe sim uma preocupação” e que a proposta é fazer emissário na região da Rua Prudente de Moraes, Carlos de Carvalho, na frente do Parque Tarquínio, porém, isso ainda está sendo encaixado no cronograma da obra e é preciso um pouco mais de paciência da população.
O secretário explicou que o grande volume da água acaba embocando neste local e, por isso, é necessário fazer um grande trabalho para evitar problemas de alagamento ou danificar algumas casas. Além disso, o projeto está sendo todo revisado e já “tem alguns pontos e melhorias adicionais que vamos colocar na própria Carlos Gomes, justamente para atender as chuvas mais intensas”.
“O nosso sistema ainda não é capaz de acomodar esse grande volume de água e soltar corretamente dentro dos córregos. Então, nós já estamos preparando novos serviços ao longo da Carlos Gomes, trabalhando um aditivo com a construtora e preparando a documentação em relação aos serviços adicionais que terão que ser feitos”, apontou. A obra que segue pelo menos até abril está com 80% de conclusão, faltando ainda conclusão das calçadas, ciclovia e sinalização.