QUITO ? O governo do Equador barrou a entrada da ativista Lilian Tintori, mulher do líder opositor venezuelano Leopoldo López, preso desde 2014. Tintori tentava entrar com visto de turista no país para poder acompanhar a campanha eleitoral do político conservador Guillermo Lasso, candidato da oposição à Presidência equatoriana. Segundo as autoridades, a ativista não estava com os documentos adequados para exercer alguma atividade política.
? Não se pode, com um visto de turista, fazer propaganda política ? declarou o ministro de Interior, Diego Fuentes, ao explicar a razão pela qual Tintori foi barrada pelo serviço de migração de seu país.
A ativista chegou ao Aeroporto Internacional de Guayaquil, maior cidade do país, na madrugada desta quarta-feira. Ela vinha de Miami, nos EUA, para onde retornou. No terminal, Tintori era esperada por um grupo de jornalistas e de simpatizantes de Lasso, que portavam bandeiras do Equador e cantavam músicas contra o presidente Rafael Correa. Ao ser barrada, a ativista saiu com o punho erguido e gritando ?liberdade?.
? Quando falamos de direitos humanos, não existem fronteiras ? disse Tintori, que chamou de ?desculpa? o argumento de que não poderia entrar no país como turista para fazer campanha. ? Isso não é uma interferência. O que ia fazer no Equador era falar como faço em todas a partes do mundo: conto sobre a realidade venezuelana como ativista de direitos humanos, como esposa de Leopoldo López e como vítima do (presidente da Venezuela) Nicolás Maduro.
Lasso já havia dito, semanas atrás, que tinha acordado com Tintori para que ela visitasse o Equador. O candidato vai disputar o segundo turno das eleições presidenciais contra o representante do governo, o ex-vice-presidente Lenín Moreno. A votação acontece no dia 2 de abril.
? Nós colocamos nossas agendas em acordo. Estava previsto para que ela acompanhasse a campanha, junto a mim e minha esposa, durante alguns dias ? disse.
Porém, o ministro Fuentes reiterou que Tintori deve providenciar o visto correspondente à atividade que a ativista está querendo fazer no país. Ele ressaltou que ela pode usar o documento de turista, de forma imediata, caso queria apenas visitar o Equador. O ministro negou que tenha agido de qualquer maneira que possa ter violado os direitos da ativista. Lasso, ex-banqueiro de centro-direita, disse que Tintori foi obrigada a pegar um voo de volta a Miami. A ativista colocou a culpa de ter sido retirada do país no presidente equatoriano, Rafael Correa, amigo e aliado de Maduro.
? Não me deixaram passar porque foi uma ordem de cima, diretamente de Rafael Correa. Fez isso por medo. Ele e Maduro são iguais ? disse Tintori.
Em um vídeo em que aparece entrando no avião da companhia American Airlines, Tintori também se pronunciou sobre o caso.
? Me expulsaram do Equador. Estou saindo, mas vou com a cabeça erguida, porque vou seguir lutando pela liberdade e pelos direito humanos do meu país, Venezuela, e do Equador ? declarou Tintori.
A ativista aproveitou para saudar o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, por ter pedido, na terça-feira, a suspensão da Venezuela da organização, caso o país não faça eleições gerais em breve.
O marido de Tintori, Leopoldo López, é um dos líderes da oposição venezuelana. Ele foi sentenciado a quase 14 anos de prisão por incitação de violência durante protestos contra Maduro, que resultou em 43 mortos entre fevereiro e maio de 2014 ? época em que foi preso.