A saúde mental de jovens e adultos foi discutida nesta quarta-feira (03), em Curitiba, durante mais uma edição do Conversando sobre Saúde Mental. Organizada pelo Comitê Intersecretarial de Saúde Mental do Paraná (Cismeep), a palestra teve como tema “Depressão e Suicídio na Adolescência – Mais do que 13 razões para falarmos sobre”, com o psiquiatra Pedro Mário Pan Neto, pesquisador no Instituto Nacional de Saúde Mental de Washington (EUA), a principal agência de pesquisa em saúde mental norte-americana, com foco em depressão na adolescência.
Durante o encontro, Pan Neto exibiu alguns dados gerais sobre os centros de tratamento da saúde mental pelo mundo, falou sobre neurociência e da contextualização do problema da depressão e de outros transtornos mentais dentro da área.
O especialista reforçou a importância de se falar sobre a saúde mental para a quebra de estigma por meio das campanhas de mobilização. “Recentemente, esse assunto está sendo amplamente discutido pela sociedade, tanto em razão de seriados quanto em função do jogo Baleia Azul. Esse talvez seja um dos marcadores de interesse e mobilização social”, afirmou.
Ele lembrou que temas que antes representavam um tabu, como o câncer de mama, atualmente são abertamente discutidos pela sociedade, o que facilitou a busca de tratamento e a prevenção da doença por parte dos pacientes.
De acordo com Pan Neto, esse tipo de ação é muito importante e a história mostra que ações antiestigma ajudaram a diminuir a carga de outros problemas de saúde. Um exemplo muito claro é o câncer de mama.
“Há 30 ou 40 anos, esse estigma fazia com que as mulheres não buscassem tratamento. Com muito trabalho, muito sofrimento e talvez com muitas vidas perdidas ao longo do caminho, isso foi mudando”, destacou. “Na saúde mental nós ainda estamos engatinhando nesse sentido, porém, eu não tenho dúvidas que hoje já é mais fácil falar sobre depressão, sobre suicídio, situações que são absolutamente difíceis, como é difícil também falar sobre a vivência subjetiva de ter um câncer”, afirmou.
O evento contou com a participação de representantes de várias secretarias do Estado, com o objetivo de tratar o tema em outras áreas além da saúde, como segurança pública, educação, família e desenvolvimento social.
REDE DE ATENÇÃO NO PARANÁ – De acordo com o secretário estadual para Assuntos Estratégicos, Flávio Arns, que mediou o encontro, a ideia é reforçar ainda mais o atendimento da população e levar o Cismeep para todas as regiões do Paraná. Arns também destacou a importância de que o tema seja debatido em todas as áreas, não apenas como um problema de saúde pública.
“Esse trabalho precisa ser intersecretarial. Queremos criar esse comitê estadual em todas as regiões do Estado. Atualmente, 120 cidades do Paraná contam com um trabalho semelhante, com encontros periódicos em que são discutidos diversos temas. Se eu tenho um problema de saúde mental, eu preciso ir no médico. Se for sério, afeta a minha relação na família e pode afetar o meu trabalho”, afirmou o secretário.
Arns falou ainda sobre todo o preconceito que envolve assunto, fazendo com que muitas vezes os pacientes evitem procurar tratamentos adequados. “É importante desmistificar o tema nessa área. As pessoas ainda confundem saúde mental como loucura ou frescura. Isso afeta bastante a vida daqueles que precisam de ajuda”, disse.
O Comitê Intersecretarial de Saúde Mental do Paraná (Cismeep) foi organizado para promover o desenvolvimento e a articulação da implantação de medidas destinadas a ampliar a equidade das ações de prevenção de agravos e promoção da saúde mental. O comitê, que se reúne mensalmente, é composto pelas secretarias de Estado de Assuntos Estratégicos; Saúde; Educação; Família e Desenvolvimento Social; Justiça, Trabalho e Direitos Humanos; Segurança Pública e Administração Penitenciária.