Cotidiano

Em Cascavel, pesquisadora diz que Brasil é líder mundial na tecnologia de bioinsumos

Mariangela Hungria, no 2º Bioinsumos no Brasil, em Cascavel

Em Cascavel, pesquisadora diz que Brasil é líder mundial na tecnologia de bioinsumos

Cascavel – A pesquisadora da Embrapa Soja, Mariangela Hungria, única brasileira entre os cem maiores cientistas do mundo inserida no ranking Plant Science and Agronomy, publicado pelo Research.com, site que oferece dados sobre as contribuições científicas em nível mundial, esteve recentemente em Cascavel para participar do 2º Bioinsumos no Brasil, realizado no Centro de Convenções e Eventos e promovido pela Areac (Associação Regional dos Engenheiros Agrônomos de Cascavel) e FEAPR (Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná), juntamente com o Sistema Confea/Crea e IDR-Paraná.

Foram analisados perfis de 166.880 cientistas do mundo em 21 nas áreas das ciências, disponíveis no Google Scholar e no Microsoft Academic Graph. Na área de Fitotecnia e Agronomia, foram examinados mais de 2.575 perfis. Neste ranking, constam 36 brasileiros, nove da Embrapa, sendo dois renomados cientistas já falecidos, Nand Kumar Fageria (Embrapa Arroz e Feijão) e Johanna Döbereiner (Embrapa Agrobiologia), além dela.

Segundo Mariangela Hungria, o número de pesquisadores brasileiros no ranking da pesquisa em Agronomia é muito pequeno em relação a outros países, por exemplo. Nos Estados Unidos são 554, na Austrália, 183, no Reino Unido, 141. “A agricultura do futuro precisa de ciência e de pesquisa. Claramente o ranking indica baixo investimento em pesquisa na agricultura, que precisa ser revertido se não quisermos ser apenas importadores de tecnologias de ponta na agropecuária”.

Mariangela conduz pesquisas voltadas para o desenvolvimento de inoculantes à base de bactérias que substituem os fertilizantes nitrogenados e possibilitam uma agricultura mais sustentável. Ela é uma das responsáveis pelo desenvolvimento das tecnologias de inoculação e co-inoculação da soja, o que tem promovido grandes saltos de produtividade no campo: a fixação biológica do nitrogênio (FBN) traz uma economia anual de 14 bilhões de dólares ao Brasil, ao dispensar o uso de adubo nitrogenado.

Em entrevista concedida ao O Paraná, Mariangela Hungria disse que os bioinsumos podem até parecer uma novidade, mas já são mais de 50 anos no Brasil, colocando o país na liderança mundial. “Com a crise sentida pelo setor atualmente e o volume elevado de importação de agroquímicos e fertilizantes, os bioinsumos passaram a atrair a atenção de todos, devido às várias vantagens e pela economia gerada”, comenta. A prática tem aberto, inclusive, o mercado mundial do segmento no Brasil, principalmente por ser menos nocivo e poluente.

A pesquisadora chama atenção sobre o fato de que alguns produtores têm se aventurado com a prática de desenvolver os bioinsumos em suas propriedades. “Essa tecnologia exige alto conhecimento tecnológico e responsabilidade técnica por profissional habilitado, no caso, o engenheiro agrônomo”.

Mariangela Hungria, que também é professora de microbiológicos na UEL (Universidade Estadual de Londrina), cita que para formar um bom profissional, é preciso no mínimo os anos de mestrado e doutorado, mais três anos. “Não é algo para um cursinho de no máximo 20 horas”.

De acordo com ela, o agricultor tem um dia bastante atarefado e precisa estudar muito e analisar se vale a pena encarar essa prática unilateralmente. Os bioinsumos são uma das tecnologias mais sustentáveis do planeta. “Graças às décadas de pesquisa, já conseguimos substituir 100% do nitrogênio da soja. Somos os melhores do mundo nisso”.

Foto: Divulgação