Cotidiano

Debate acirrado. Secretário quer mudanças na eleição para diretores

Em visita a Cascavel, secretário se encontrou com educadores e falou sobre projetos na educação - Foto:Aílton Santos
Em visita a Cascavel, secretário se encontrou com educadores e falou sobre projetos na educação - Foto:Aílton Santos

Cascavel – Em visita a Cascavel ontem, o secretário de Estado da Educação, Renato Feder, falou com professores e diretores de toda a região em um encontro no auditório da Univel e apresentou uma proposta que promete ser polêmica. Ao menos foi o que se desenhou entre os educadores logo após a apresentação da pauta.

Com eleições para diretores programadas para este ano, Renato sugeriu – e quis ouvir – a opinião da comunidade escolar sobre quatro mudanças que serão propostas para as eleições.

A primeira delas foi a mais bem aceita. Ele sugeriu que todos possam se candidatar ao posto, mas que só possam fazê-lo de fato quem tiver formação específica de gestão e de liderança.

O segundo ponto se refere aos votos propriamente ditos e é a que mais deverá mexer com a dinâmica educacional. Hoje o voto de cada aluno tem o mesmo peso que o de professores e de funcionários da estrutura educacional. Como o número de alunos é maior que o de servidores, acaba ficando praticamente na mão deles e dos pais a eleição da direção, numa proporção de 10 por um. A proposta é para que haja uma espécie de equiparação, de modo que os profissionais de educação compusessem metade dos votos. Esse foi um dos pontos que chegaram a ser debatidos entre contrários e favoráveis, mas entre os educadores a preocupação é como isso promete soar no meio acadêmico.

O terceiro ponto corresponde à eleição apenas do diretor e o vice não comporia mais a chapa, sendo esse profissional escolhido pelo eleito. “Sou contra porque pode haver um diretor que escolha um vice que não tenha identificação com a comunidade escolar e, na sua ausência, é o vice quem assume”, disse um dos diretores no espaço aberto ao debate.

Outro se posicionou favorável: “Fui um exemplo do que é trabalhar sem um vice. Dos três anos do meu mandato, meu vice ficou doente, não abriu mão do posto e eu trabalhei dois anos e oito meses praticamente sozinho. Foi muito exaustivo”, considerou outro educador.

Remuneração

O quarto ponto foi o mais polêmico entre os educadores. A eleição para diretores geralmente não conta com elevado quórum de interessados e a mudança proposta diz respeito à alteração no pagamento das gratificações desses gestores. Hoje, a gratificação gira em torno de R$ 1,5 mil, mas Feder sugeriu alterações. Quer que ela seja paga de forma proporcional, de acordo com o porte do colégio e que suba gradativamente, conforme o porte evoluir, mas não falou em aumentar o teto. “É evidente que em uma escola com mil alunos se tenha mais demandas, mais trabalho do que numa escola com cem alunos”, argumentou.

Esse ponto foi um dos mais debatidos e parte dos diretores presentes já se manifestaram contrários com um adendo: pediram, inclusive, aumento nos valores da gratificação sob a alegação de que o montante pago é o mesmo há mais de dez anos e que em muitos casos ele nem sequer cobra despesas rotineiras, peculiares à função.

O secretário destacou que são propostas e que serão debatidas com a comunidade escolar antes que as mudanças sejam feitas.

Mais discussão

Na visita a Cascavel, o secretário Renato Feder também ouviu muitas reivindicações como modernização das escolas, valorização do profissional e mais autonomia a diretores.

Um dos pedidos chamou bastante a atenção. Professores reclamaram de salas superlotadas em Cascavel e em municípios próximos. “Cascavel vive uma situação atípica. Na maioria dos municípios do Estado existem salas vazias, aqui elas estão cheias. Então vamos abrir novas turmas, com novos professores, e não teremos mais salas com 45 alunos cada uma”, garantiu, mas sem precisar data para que isso ocorra nem as regiões a serem atendidas.

Durante a estada de Renato na região não foram anunciadas obras na educação, mas, segundo ele, elas virão para atender a demanda.

Questionado sobre a falta de merenda em alguns colégios estaduais do oeste nos últimos dias, Renato disse que houve um problema pontual, mas que ele foi resolvido e que a compra já está garantida até outubro próximo.

Quanto à oferta de três refeições por turno nas escolas estaduais, conforme prometido pelo governador Ratinho Junior durante a campanha eleitoral, o secretário afirmou que seguem os levantamentos e que isso poderá – quem sabe – sair do papel ainda neste ano.

Ele aproveitou ainda para falar sobre o projeto Escola Segura, com atividades que se iniciam em maio (leia mais sobre este assunto na página 11).

Juliet Manfrin