Tema de debates, estudos e recente audiência no Legislativo – além de fator diário de famílias dilaceradas – a violência no trânsito já fez 23 vítimas fatais este ano no perímetro urbano de Cascavel. E, 83% delas, ocasionadas por imprudência. Dezessete pessoas morreram em sinistros provocados por excesso de velocidade (74%) e outras duas (9%) por estar envolvidas em acidentes onde o avanço de sinal foi o fator preponderante.
São óbitos analisados por especialistas do Cotrans/PVT, do qual a Transitar faz parte. Isso sem contar o número de acidentados, que já totalizam mais de 3,9 mil nos últimos 12 meses, e cujo estudo recente do IPEA aponta que cada vítima não-fatal tem custo médio de R$ 90 mil ao sistema. Numa conta rápida, temos um custo anual de acidentes em Cascavel que chega à média de R$ 350 milhões.
O que chama atenção na análise desses especialistas é que a maioria dos sinistros ocorre em vias adequadamente sinalizadas. Já foi constatado, também, que 82% dos acidentes do primeiro trimestre deste ano foram registrados em cruzamentos semaforizados, o que levou a intensificar medidas educativas e punitivas, além das já adotadas, numa tentativa de se prevenir sinistros e lesões graves nesses locais que contam com o melhor dispositivo de sinalização, mas que não é respeitado por muitos.
Uma dessas medidas que auxiliarão órgão de trânsito municipal a coibir tamanha imprudência é a fiscalização eletrônica, na tentativa de frear esses abusos, especialmente nas vias revitalizadas, nas quais o alargamento das pistas e o novo asfalto que veio para beneficiar os moradores, têm motivado o desrespeito à sinalização horizontal e vertical implantada, bem como nas vias onde o índice de acidentes tem crescido, apesar da sinalização ser considerada suficiente.
Nova licitação prevê até 170 faixas fiscalizadas
O edital para abertura da licitação foi publicado na edição desta quinta-feira (11) do Órgão Oficial e prevê a contratação de empresa para prestação de serviços técnicos especializados em locação, implantação, remanejamento e manutenção de equipamentos de fiscalização eletrônica de trânsito e disponibilização de um CPDI (Centro de Processamento de Dados e Imagens) e um CCO (Centro de Controle Operacional), pelo período de 60 meses.
O novo contrato prevê 120 faixas fiscalizadas, ampliando em 45% o atual, que foi firmado em 2015, considerando que hoje Cascavel conta com apenas 66 faixas, muito aquém da necessidade da cidade, que conta com um extenso perímetro para ser fiscalizado. No entanto, presumindo o crescimento da cidade durante o período do contrato, o processo prevê uma ampliação gradativa para até 170 faixas, conforme a necessidade do Município, sendo que esse quantitativo está abaixo daqueles já implantados em cidades de porte equivalente.
“Este contrato consolida o foco na segurança viária estabelecido pela Transitar, possibilitando a integração de um sistema de segurança pública capaz de identificar veículos com indícios de ilícitos e com informação em tempo real a ser repassadas os órgãos de segurança”, explica a presidente da Transitar, Simoni Soares.
O valor inicial médio de locação por faixa é R$ 5,6 mil e pode ficar ainda menor, pois ainda será objeto de disputa no certame. Como base comparativa, o contrato firmado em 2015 teve o custo médio de R$ 3,8 mil por faixa, representando um aumento de 32% após seis anos.
Simoni explica que os itens que sofreram um acréscimo considerável são aqueles relacionados ao CCO (Centro de Controle Operacional), que representa o maior diferencial em relação ao processo atual e a manutenção, esse impactado especialmente no período da pandemia.
“As faixas serão distribuídas nas vias onde há maior índice de acidentes e constatação das causas por excesso de velocidade, o que atende a uma antiga reivindicação das próprias comunidades. O contrato traz, ainda, uma inovação, que é a integração do Projeto Muralha Digital, previsto no Plano de Governo do prefeito Paranhos, que contempla um novo modelo de sistema de monitoramento de segurança pública integrada”, complementa Simoni.
Por meio deste sistema, será possível unificar os órgãos de segurança (Transitar, GM, PM, Polícia Civil e Rodoviária) e, com softwares especializados na via pública, rapidamente identificar a circulação de veículos suspeitos de ilícitos, como furtos, placas clonadas e demais situações que ameacem a segurança da comunidade.
O pregão eletrônico será realizado pela plataforma BBMNet no dia 29 de novembro, às 13h30, na modalidade menor preço, com valor máximo inicial de R$ 50.942.929,20.
Estudos técnicos embasaram a decisão
Nos últimos dois meses a Transitar, por meio da equipe de engenharia de trânsito e agentes de fiscalização, intensificou estudos de aferição de velocidade em vias com maior índice de reclamação por parte da comunidade, incluindo as novas avenidas revitalizadas pelo Município e as vias com maior número de acidentes.
Conforme o engenheiro de trânsito da Transitar, Juliano Denardin, foram aferidos 20 pontos com reclamações de excesso de velocidade, considerando dias alternados, com até quatro horários comparativos (7h30-8h30/12h-13h30/15h30/17h30/17h30-18h30), no intuito de se obter o resultado real de cada via. Constatou-se velocidade média acima do permitido principalmente onde a velocidade máxima é de 40 km/h, totalizando 35% dos 20 pontos estudados. São sete vias que deverão receber, no mínimo, duas faixas de fiscalização eletrônica em cada uma.
Alguns flagrantes chamaram a atenção da equipe técnica, como a média de velocidade da Avenida Assunção em 80km/h, e o flagrante de um veículo transitando na Avenida Rocha Pombo, no período da tarde, acima de 100km nas proximidades do Lago Municipal.
(secom)