Cascavel – O ano de 2024 terminou com o “fantasma do Aedes aegypti” rondando Cascavel e, já nestes primeiros dias de 2025, a situação já volta a preocupar. Na sexta-feira (10) foi divulgado o boletim semanal de arboviroses que confirmou mais 30 casos da febre chikungunya, passando de 82 para 112 casos confirmados, 104 por exame laboratorial e 8 por exame clínico. No boletim anterior não havia sido confirmado nenhum novo caso. Já os casos de dengue são 36 confirmados, os mesmos do último boletim.
Além disso, a cidade conta ainda com mais 85 casos prováveis da chikungunya. Dos casos confirmados a grande parte deles é na Região Norte da cidade, sendo 79 no Brasmadeira, 11 no Interlagos, 5 no Floresta, 3 no Morumbi e 2 no Bairro Brasília. O restante é – Cascavel Velho (2), Universitário (2), Cataratas (1), Esmeralda (1), FAG (1), Guarujá (1), Parque Verde (1), Periolo (1), Santa Cruz (1) e Tropical (1). A doença já é considerada como surto e se espalhando pela a cidade.
Para a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) a quantidade de casos é preocupante, uma vez que em 2023, entre julho e novembro, Cascavel tinha apenas 6 casos e no mesmo período de 2024. Já de dezembro do ano passado até agora, houve um grande aumento nas confirmações.
Combate
Uma das formas de combater o mosquito transmissor da dengue e chikungunya é com a aplicação do fumacê que já somam 7 ciclos, dois a mais do que normalmente é aplicado.
Segundo a diretora da Vigilância em Saúde da Sesau, Rozane Campiol, o fumacê vai continuar e serão passados mais três ciclos em outros bairros até o fim deste mês.
Para avisar a população sobre o fumacê, carros de som estão passando pelos bairros, já que alguns cuidados devem ser tomados. A recomendação é que as portas e as janelas estejam abertas, mas potes com alimentos e água de animais de estimação devem ser protegidos, assim como gaiolas, caixas de água e o próprio ser humano – principalmente as pessoas com problemas respiratórios.
Vale lembrar que o inseticida só elimina o mosquito em circulação e que, por isso, os cuidados com a eliminação de novos criadouros devem ser mantidos. É importante manter sempre os quintais limpos e não deixar nenhum tipo de água parada. “Vamos também mudar o primeiro Liraa do ano, que normalmente era realizado no mês de janeiro, já transferimos para o mês de fevereiro”, disse ela. Além disso, continua o trabalho intenso dos agentes de endemias e aplicação de inseticida costal nas localidades com casos confirmados ou suspeitos.
Ranking
Em 2024, Cascavel fechou o ano epidemiológico, encerrado no mês de julho, liderando os casos de dengue, além de ficar no topo do ranking com o maior número e de mortes pela doença em todo o Paraná. O mosquito pequeno, mas com grande potencial deixou um grande rastro de preocupação totalizando com 58 mortes e 32.326 casos confirmados, no pior histórico da doença na Capital do Oeste.
De fevereiro até junho uma verdadeira força tarefa foi realizada para conseguir combater o mosquito que iria se proliferar, matar o que já estava alado e atender a grande demanda de pacientes, fazendo com que caminhões do fumacê voltassem à cidade que recebeu uma grande quantidade de inseticida; unidades de saúde tiveram horário de atendimento ampliado e até um ambulatório contra a doença foi instalado no Hospital de Retaguarda.
Dengue: “Sorotipo 3” que não circulava desde 2008 volta preocupar autoridades
O sorotipo 3 da dengue registrou aumento em meio a testes positivos para a doença no Brasil – sobretudo nos estados de São Paulo, de Minas Gerais, do Amapá e do Paraná. A ampliação foi registrada principalmente nas últimas quatro semanas de dezembro. O cenário preocupa autoridades sanitárias brasileiras, já que o vírus não circula de forma predominante no país desde 2008 e, consequentemente, grande parte da população está suscetível.
Dados do Ministério da Saúde mostram que, ao longo de todo o ano de 2024, o sorotipo da dengue que circulou de forma predominante no Brasil foi o 1, identificado em 73,4% das amostras que testaram positivo para a doença. Uma projeção feita com base nos padrões registrados em 2023 e 2024 no Brasil revela que a maior parte dos casos de dengue esperados para 2025 devem ser contabilizados nos seguintes estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Paraná. Nessas localidades, é esperada uma incidência acima do que foi registrado ao longo do ano passado.
Aliado a isso, o Ministério da Saúde anunciou, nesta quinta-feira (9), a instalação do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para Dengue e outras Arboviroses. A iniciativa visa ampliar o monitoramento orientando a execução de ações voltadas à vigilância epidemiológica, laboratorial, assistencial e ao controle de vetores,
O planejamento e a resposta coordenada serão realizados em constante diálogo com estados, municípios, pesquisadores, instituições científicas e outros ministérios. O Paraná registrou 1.233 casos prováveis de dengue na primeira semana epidemiológica de 2025. No mesmo período de 2024, foram registrados 5.439 casos.
Plano nacional (sobra)
Outra resposta do Brasil para o controle das arboviroses é o lançamento do Plano de Contingência Nacional para Dengue, Chikungunya e Zika. A finalidade é garantir uma preparação adequada para conter o avanço da doença. O novo plano revisa e amplia a versão anterior, publicada em 2022, e busca reforçar as estratégias de prevenção, preparação e resposta às epidemias de arboviroses. O documento apresenta orientações para elaboração de planos regionalizados, estaduais e municipais, que levem em consideração os cenários específicos do contexto epidemiológico e dos arranjos socioambientais, incorporando experiências e iniciativas locais e regionais.