Maripá – O que já vinha sendo aventado foi oficializado nessa semana. O general Joaquim Silva e Luna, novo diretor-geral do lado brasileiro da Itaipu Binacional e que está na função há cerca de um mês, confirmou o redirecionamento e a revisão de normas para patrocínios e convênios.
A informação, apesar de esperada, caiu com certo desconforto e preocupação em todo o oeste do Paraná, onde a usina tem dezenas de convênios com praticamente todas as 54 prefeituras cobertas pela Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná).
O anúncio de que a gestão será mais austera ao cortar gastos, otimizar serviços e servidores e eliminar ações que fugiriam da alçada da binacional ou que não dão resultado esperado, fez com que líderes regionais, como o presidente da Amop, o prefeito de Maripá, Anderson Bento Maria, e o presidente do Conselho de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros ao Lago de Itaipu, o prefeito de Pato Bragado, Leomar Rohden, formalizassem pedido de encontro com o general. O ofício ainda não foi respondido. Os gestores preparam uma espécie de dossiê, um relatório preenchido com imagens, dados e apelos sobre as ações realizadas graças a esses convênios.
Consequências
Bento Maria acredita que vá prevalecer o bom senso, mas já avalia o quão crítico seria o fim das parcerias. “A maioria dos convênios com os municípios se iniciou 2017 e tem três anos de vigência, ou seja, termina em 2020. Não acredito que o que está em andamento seja encerrado, isso nunca aconteceu na história de Itaipu, mas o que nos preocupa é o risco da não renovação. Muitas tratativas para as renovações começam seis meses, um ano antes. Isso nos preocupa porque precisa começar agora, ainda em 2019”, destaca.
Para Bento Maria, a interrupção ou a não renovação dos convênios não travaria por completo os serviços, mas prejudicaria o desenvolvimento regional e os aspectos ligados à qualidade de vida de quem vive nessas cidades. “Muitos municípios ficam na dependência da liberação de emendas parlamentares que às vezes levam dois, três anos para saírem. Os convênios com Itaipu são mais ágeis, a liberação é bem mais rápida”, completa.
Revisão
Por outro lado, o presidente da Amop acredita que muitas revisões devam ser feitas pela binacional. Entre os exemplos estão os patrocínios para eventos. “Existem eventos que são realizados só por se realizar e outros que se tornaram referência. Precisa haver mais critério para esses patrocínios mesmo”, destacou. “Em outros quesitos, penso que tão logo o general tome conhecimento da importância de Itaipu para a educação e o desenvolvimento social, ambiental e cultural do oeste, não haverá cortes em convênios, mas os ajustes são naturais em um estilo de gestão que se apresenta diferente (…) Os prefeitos concordam que ajustes são necessários, fundamentais e que os critérios devam mesmo ser mais rigorosos. Existem projetos [até então] extremamente importantes que não conseguem valores tão expressivos enquanto projetos nem sempre tão relevantes onde os valores são maiores por afinidade ou proximidade com as direções anteriores [dos gestores municipais com a administração de Itaipu]”, alerta.
Itaipu reforça que patrocínios e convênios ainda passam por uma revisão e que, portanto, ainda não há uma caracterização do que pode ser interrompido.
Reportagem: Juliet Manfrin