Nova York – O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, mostrou-se “profundamente preocupado” nessa quinta-feira (22) com as queimadas na Amazônia. Já o presidente da França, Emmanuel Macron, chamou a situação de “crise internacional” e afirmou que o tema deve ser discutido em reunião desta semana no G7 (grupo formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido).
De 1º de janeiro até a terça-feira (20) foram contabilizados 74.155 focos, alta de 84% ante o mesmo período de 2018, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Um pouco mais da metade (52,6%) desses focos têm ocorrido na Amazônia.
“Em meio a uma crise climática internacional, não podemos permitir que se produzam mais danos em uma importante fonte de diversidade e oxigênio”, escreveu Guterres no Twitter.
Comentário semelhante foi postado pelo presidente da França, Emmanuel Macron, nas redes sociais também nesta quinta-feira. “Nossa casa está queimando. Literalmente. A Floresta Amazônica – o pulmão do nosso planeta, que produz 20% do oxigênio do nosso planeta – está em chamas. É uma crise internacional. Membros do G7, vamos discutir essa emergência de primeira ordem daqui a dois dias”, escreveu em duas publicações seguidas, em francês e inglês.
Segundo análise técnica do Ipam (Instituto de Pesquisas Ambiental da Amazônia), só a seca prolongada não explica a alta nas queimadas no bioma. As dez cidades amazônicas com mais focos de fogo também tiveram as maiores taxas de desmate. Para os cientistas do Ipam, a concentração nessas áreas, com estiagem branda, indica o caráter intencional dos incêndios para limpar desmate recente.
Onyx acusa Europa de usar Amazônia para impor barreiras
O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que a Europa usa o discurso ambiental do desmatamento no Brasil para proteger sua própria produção. Segundo ele, “o Brasil desmata, mas não no nível e no índice que é dito” e os europeus têm dois motivos principais para atacar o País: confrontar os princípios capitalistas e impor barreiras ao crescimento brasileiro.
“O Brasil é um país que cuida muito bem do seu meio ambiente, não precisamos de lição de ninguém”, disse o ministro. “Não podemos ser ingênuos. Europeus usam questão do meio ambiente por duas razões: a primeira para confrontar os princípios capitalistas. Desde que caiu o Muro de Berlim, uma das vertentes para a qual a esquerda europeia migrou foi para a questão do meio ambiente. E segundo: impor barreiras ao crescimento e ao comércio com o Brasil, porque eles têm que proteger os produtores deles.”
Comissão
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que a Casa irá criar uma comissão externa para acompanhar as queimadas na Amazônia. Além dessa, outra comissão será criada para avaliar a questão e propor soluções ao governo. “É importante para mantermos forte nossas exportações do agronegócio e preservar o nosso meio ambiente”, escreveu Maia no Twitter, nessa quinta-feira (22).