
Brasil - A pânico tomou conta de todos os mercados, fazendo as bolsas despencarem. Sobrou até para o segmento de carnes, ocasionado pelo tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, envolvendo diversos países, com destaque para a China. Os asiático responderam a altura e anunciaram recentemente 34% de taxas sobre os produtos americanos. Esse aumento da demanda chinesa pelas carnes brasileiras deverá refletir no mercado interno, gerando mais inflação, conforme a opinião de especialistas no setor.
Os produtos brasileiros tendem a ser tornar mais competitivos, uma vez que essa taxação como resposta dos chineses vai afetar as carnes bovina, suíno e de frangos dos Estados Unidos. Por sua vez, é a carne suína que dever ser a que mais será exportada para a China, ganhando do mercado norte-americano. O mercado torna-se favorável em um ano que as exportações de proteína animal já inclinavam para a superação de recordes.
Com o embate comercial entre duas das maiores superpotências da economia mundial (EUA e China), o salto nas exportações de carne suína será de 7% com relação às exportações totais, conforme avaliação feita pela Safras & Mercado, totalizando 1,5 milhão de toneladas. Já com relação ao frango e o boi, o crescimento deverá ser de 5,24% e 2,29%, respectivamente. Os embarques devem somar 5,43 milhões de toneladas de frango e 4,28 milhões de toneladas de carne bovina.
Diante desse cenário, a tendência é de pressão nos índices inflacionários das carnes. Esse crescimento nas exportações gerará impacto no mercado doméstico.
Essa paralisação dos negócios entre Estados Unidos e a China envolvendo o comércio de carnes é algo inevitável, para os especialistas. Outro fator positivo é que o Brasil, como principal fornecedor de commodities, possa ser um dos grandes beneficiados. Os Estados Unidos ocupam a terceira posição entre os maiores fornecedores de carne suína para os chineses, ficando atrás apenas da Espanha e do Brasil.
Em recente visita a Cascavel, o presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Aninal), Ricardo Santin, classificou de limitados os impactos das carnes de frango e suína sobre os preços domésticos. E a explicação é simples: é possível elevar a produção nacional. “Não vamos tirar do mercado interno para exportar”.
Antes de toda essa guerra comercial, a expectativa era de uma evolução maior no mercado interno do que na exportação. A intenção é tabular novas estratégias em virtude do crescimento da oferta ou peso dos animais.
Os rearranjos são uma realidade iminente por conta dessa guerra tarifária, na ótica de Ricardo Santin. A taxação pode levar os EUA a buscar outros compradores e o Brasil deve passar a enviar mais carne para o mercado externo. Esse movimento é esperado com maior intensidade para o segundo semestre, pois os contratos para os próximos meses já estão fechados. O aumento dos preços da carne no mercado internacional também é algo certo.
É importante ressaltar que os preços domésticos das carnes americanas já vinham de uma tendência de alta. Essas tarifas recíprocas geram uma sobretaxa mínima a todos os parceiros comerciais americanos. Para o Brasil, ficou em 10%. China, 34% e a União Europeia, 20%. O contragolpe chinês com tarifa de 34% para os produtos norte-americanos passa a valer na próxima quinta-feira.
Outras retaliações dos chineses dizem respeito à suspensão das importações de produtos de frango de duas empreas americanas, a Montaire Farms of Delaware e Inc. e Coastal Processing, LLC. Para a Administração Geral das Alfândegas, essa medida aplicada pela China tem a finalidade de proteger a saúde dos consumidores após a detecção de um medicamento proibido — a furacilina — em produtos de frango.