SEGURO RURAL

Corte de R$ 445,1 mi gera nova indignação no setor produtivo

O corte de R$ 445,1 milhões no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural provoca preocupação no agronegócio - Foto: Divulgação
O corte de R$ 445,1 milhões no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural provoca preocupação no agronegócio - Foto: Divulgação

Cascavel e Paraná - O anúncio do corte de R$ 445,1 milhões no orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural para 2025, feito sexta-feira (20) pelo governo federal, provocou indignação e perplexidade entre representantes do agronegócio. A APEPA (Associação Paranaense de Planejamento Agropecuário) manifestou severa preocupação com os impactos que a medida trará não apenas ao setor produtivo, mas também à estabilidade econômica nacional. O montante representa 42% da dotação total de R$ 1,060 bilhão prevista para o prêmio em 2025.

Do total, R$ 354,6 milhões foram bloqueados e outros R$ 90,5 milhões, contingenciados. Com a contenção, restam cerca de R$ 435,6 milhões para a contratação de apólices em 2025. A decisão surpreendeu negativamente entidades representativas do setor, entre as quais também a FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), FEAGRO-MT e a FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), sobretudo pela ausência de qualquer sinalização prévia. A APEPA esteve, semana passada, participando de reunião oficial no Ministério da Agricultura, por meio da Câmara Temática de Gestão de Risco, e, segundo a entidade, não houve qualquer indicativo de que tais cortes estavam sendo cogitados.

O seguro rural representa um dos principais instrumentos de gestão de risco na atividade agropecuária. Ao reduzir significativamente os recursos destinados à subvenção, o governo fragiliza a segurança financeira dos produtores, principalmente dos pequenos e médios, justamente os mais vulneráveis às adversidades climáticas e mercadológicas.

“Mais uma vez, a corda arrebenta do lado mais fraco. O produtor rural, que é quem de fato alimenta o País e sustenta a balança comercial brasileira, acaba penalizado”, lamenta a APEPA, em nota pública.

O agro paga a conta da crise

A entidade ressalta que acompanha atentamente a escalada da crise fiscal nos últimos meses, agravada, segundo ela, por uma série de decisões dos Poderes Legislativo e Judiciário que oneram ainda mais os cofres públicos. A proliferação de novos cargos e estruturas governamentais, além do aumento expressivo de despesas não produtivas, pressiona a dívida pública e gera um efeito cascata sobre setores essenciais.

“O setor produtivo, que foi o grande responsável por sustentar a economia brasileira durante os períodos mais críticos, segue sendo sacrificado. Isso não é apenas um retrocesso para o agronegócio, é um risco real para a macroeconomia do País”, alerta a entidade.

Impacto direto no PIB e na mesa do brasileiro

Os reflexos dessa medida transcendem o campo. O agronegócio responde por uma parcela expressiva do Produto Interno Bruto e da geração de empregos. Com menos segurança financeira, produtores tendem a reduzir investimentos, desacelerar a produção e, consequentemente, elevar custos, que invariavelmente chegam à mesa do consumidor.

“Não se trata apenas de defender o agro, mas de zelar pela segurança alimentar do Brasil. O corte no seguro rural não atinge só quem planta e colhe, ele compromete toda a cadeia produtiva e, no fim das contas, penaliza toda a sociedade brasileira”, reforça a APEPA.

A decisão do governo federal contrasta com o papel que o Brasil exerce no cenário global como uma das maiores potências agroalimentares do planeta. A excelência da agronomia brasileira é reconhecida internacionalmente, tanto pela eficiência produtiva quanto pela sustentabilidade dos sistemas agrícolas.

“O agro não pode continuar sendo tratado como vilão ou caixa automática para resolver desequilíbrios fiscais do governo. Esse caminho é perigoso, míope e contraproducente. É imperativo que haja responsabilidade nas escolhas orçamentárias e, sobretudo, respeito a quem de fato produz, conclui a entidade.