Neutralidade é a palavra que melhor resume a divulgação do relatório mensal do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), na sexta-feira (11). O levantamento trouxe números relacionados à Safra 2024/25 dos EUA e do mundo. Para o mercado, os dados anunciados atenderam às expectativas, sem muitas novidades. Diante do cenário, reagiu de forma limitada na Bolsa de Chicago. Em resumo, o USDA reduziu a produção e produtividade da soja americana. Em contrapartida, estimou para cima a do milho.
Em relação à soja dos EUA, a estimativa apresentou uma sensível redução, de 124,81 milhões de toneladas para 124,7 milhões de toneladas. A produtividade foi reduzida de 59,6 milhões de sacas por hectare para 59,5 milhões de sacas por hectare. Por sua vez, os estoques finais foram mantidos em 14,97 milhões de toneladas.
No que tange à produção mundial de soja, o prognóstico é de 428,92 milhões de toneladas, ante 429,20 milhões do reporte de setembro. Os estoques finais tiveram uma correção modesta, de 134,58 milhões para 134,65 milhões de toneladas.
No Brasil, o USDA projetou uma colheita de 169 milhões de toneladas. Da Argentina, estimada em 51 milhões de toneladas e do Paraguai, em 11,20 milhões de toneladas. Sobre as importações chinesas de soja durante o ano comercial, o USDA projetou 109 milhões de toneladas.
Milho
Já para o milho, os números são um pouco mais otimistas. A produção do cereal estimada pelo USDA é de 386,17 milhões de toneladas, contra 385,74 milhões de toneladas. A produtividade saltou de 192,07 sacas por hectare para 192,29 sacas por hectare. Os estoques finais caíram de 52,25 para 50,78 milhões de toneladas.
No mundo, a produção de milho é projetada em 1.217,18 bilhão de toneladas, menor que os números anteriores de 1.218,57 bilhão. Os estoques passaram de 308,35 para 306,52 milhões de toneladas.
De acordo com o relatório do USDA, a produção brasileira mantém a projeção de 127 milhões de toneladas. Da Argentina, em 51 milhões e da Ucrânia, atualizada de 27,20 milhões de toneladas para 26,20 milhões de toneladas.
A semana
No Brasil, o mercado teve uma semana com escassez na movimentação e preços mistos. Há dificuldade para fixar os preços, por conta do acúmulo de perdas na Bolsa de Chicago e a alta do dólar. Esse panorama levou o produtor rural a deixar as negociações um pouco de lado, na esperança de melhores condições de preços nos próximos dias, para se dedicar ao plantio da safra.
Em Cascavel, por exemplo, o preço sofreu uma pequena retração. De R$ 139 a saca, baixou para R$ 138,50. A título de comparação, em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, a saca de 60 quilos foi comercializada a R$ 134 ao longo da semana. Em Rondonópolis (MT), a cotação subiu de R$ 134 para R$ 136. No Porto de Paranaguá, a saca estabilizou em R$ 143.
Na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), os contratos com vencimento em novembro, os mais negociados, recuaram 1,67% no acumulado da semana. Na manhã de sexta, a posição era cotada a R$ 10,20 1/4. O mercado foi pressionado pela combinação do retorno das chuvas no Brasil, beneficiando o plantio, e pela expectativa de uma safra recorde nos Estados Unidos, com o avanço da colheita.
Já o dólar comercial teve valorização de 2%, encaminhando o encerramento da semana na casa de R$ 5,56. A aversão ao risco no exterior e a preocupação com a questão fiscal no Brasil deram sustentação à moeda.
Comercialização
A comercialização da safra 2023/24 de soja do Brasil envolve 87,7% da produção projetada, conforme relatório de Safras & Mercado, com dados recolhidos até 4 de outubro. No relatório anterior, com dados de 6 de setembro, o número era de 82,2%.
Em igual período do ano passado, a negociação envolvia 84,9% e a média de cinco anos para o período é de 90,1%. Levando-se em conta uma safra estimada em 152,29 milhões de toneladas, o total de soja já negociado é de 133,62 milhões de toneladas.
Levando-se em conta uma safra de 171,78 milhões de toneladas, Safras projeta uma comercialização antecipada de 24,8%, o equivalente a 42,58 milhões de toneladas. Em igual período do ano passado, a comercialização antecipada era de 21,4% e a média para o período é de 29,4%. No relatório anterior, o número era de 22,5%.