O mercado do boi gordo ainda experimenta o momento de valorização da arroba. Na região Oeste, a cotação ainda é de R$ 300 mais bonificação. Essa ascensão é observada nos últimos dois meses.
Além disso, a equipe de reportagem do Jornal O Paraná conversou com o pecuarista Leonardo Folador. Ele fez o apontamento de diversos fatores responsáveis por influenciar essa recuperação nos preços. Entretanto, chamou a atenção para os reflexos ao consumidor final, que já desembolsa mais caro pela “picanha do Lula”.
Essa recuperação é atribuída a uma conjuntura de fatores, na ótica do agropecuarista. “Primeiro, a questão da sazonalidade do segundo semestre, historicamente com preços mais altos”, descreve. A proximidade dos festejos de fim de ano e as eleições pelo Brasil deram uma injeção de ânimo no mercado do boi gordo nos principais centros produtores. É preciso destacar o desempenho das exportações. “Voltamos a bater recorde em setembro e desenhamos um mesmo cenário para outubro”.
Recorde
Outro fator é o abate de fêmeas batendo recorde desde o ano passado, refletindo de maneira significativa na produção de bezerros e escassez do gado pronto. A seca severa e as queimadas reduziram as áreas de pastagem. “Os confinamentos estavam mais vazios em certos momentos e se o produtor adotar esse comportamento, o reflexo será sentido daqui três meses quando esse boi já deveria estar apto para o abate”. Com essa melhora no preço da arroba, a tendência é de segurar mais as matrizes para produção de bezerros.
Entretanto, as proteínas “concorrentes” à carne bovina também apresentaram evolução em seus preços, como por exemplo. o frango, suíno e também o ovo, o mesmo verificado com relação às principais commodities como soja e milho. “Todos esses fatores convergiram para essa alta no valor do boi”. Ninguém sabe se esse movimento altista continuará até o fim do ano. “Em 2025, pode ser que essa euforia reduza a intensidade e fique estável entre R$ 300 e R$ 315, para depois voltar as máximas, lá na frente, atingido o valor histórico”. Entretanto, Leonardo Folador afirma que é preciso ter cautela, uma vez que o custo dos insumos também tem apresentado crescimento.
Dólar
O dólar é outro ponto de suporte à cotação da arroba, juntamente com o preço das commodities, clima seco e demanda aquecida no mercado doméstico e exportação. “A oferta reduzida em virtude do intenso abate de fêmeas, com as escalas dos frigoríficos ficando mais curtas, obrigando a desembolsar mais para conseguir comprar”.
Por fim, o reflexo na ponta, ou seja, no consumidor, é inevitável. “Já estamos vendo um repasse no preço final, com o consumidor já sentindo um preço mais salgado da carne nas gôndolas refrigeradas dos supermercados”. Segundo ele, a margem da indústria está mais exprimida. “O mercado precisa se regular, ter sustentação de uma alta saudável”, concluiu.