A infertilidade atinge aproximadamente 15% da população, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), ou seja, um em cada cinco casais tem problemas para engravidar, precisando de ajuda especializada.
Nem sempre a gravidez não ocorre por causa da mulher. As causas dessa doença estão distribuídas igualmente entre homens e mulheres (por volta de 35% cada), além de um percentual referente à infertilidade sem causa aparente.
O problema não deve ser motivo para desistir do sonho de ter um filho, por isso o mês de junho é tão importante para conscientização a respeito dessa doença, que em muitos casos tem cura, principalmente por meio dos avanços da medicina reprodutiva. Hoje entendida e vista como um tratamento de saúde.
Vale ressaltar ainda que a infertilidade afeta cerca de 15% da população mundial. Já no Brasil, esse número chega a 8 milhões de pessoas, segundo Edson Borges Júnior, especialista em reprodução humana e diretor científico do Fertility Medical Group.
Infertilidade feminina e congelamento de óvulos
Você sabia que cerca de 10% das mulheres inférteis são portadoras de endometriose? Essa doença se caracteriza por um crescimento do revestimento interno do útero, que acontece fora do seu local original (na cavidade uterina), se espalhando para fora do órgão, podendo atingir o intestino, bexiga, trompas e ovários, causando dor e infertilidade. Nas portadoras dessa doença, a chance de engravidar diminui de 36% para 12%.
O especialista em reprodução humana Edson Borges Júnior afirma que a taxa mensal de fecundidade em mulheres entre 20 e 30 anos é de cerca de 25%. Depois dos 35 anos, cai para menos de 10%. A partir de 40 anos, a queda da função reprodutiva é muito grande. Assim, o especialista diz que o ideal é que a mulher faça o congelamento dos óvulos quando tiver entre 31 e 35 anos. Destaca, ainda, que, mesmo as pacientes que estão na faixa entre 36-40 anos, podem se beneficiar da técnica, embora ela resulte em menos gestações. Já a partir dos 40 anos, o sucesso do procedimento é bem mais raro, pois a fertilidade feminina entra em rápido declínio.
Homens inférteis podem ter filhos
Entre as principais causas da esterilidade masculina está a varicocele (varizes na região escrotal), que é diagnosticada por um simples exame físico e é responsável por até 40% dos casos. Outras são a Falência Testicular Primária, Infecções Seminais, Criptorquidia (testículos fora da bolsa testicular), Obstruções do Epidídimo (ou canal deferente) e Disfunções Hormonais.
A evolução das técnicas de Reprodução Assistida permite hoje que muitos problemas seminais sejam resolvidos, possibilitando que o homem consiga ter filhos. Dentre essas técnicas estão o Processamento do Sêmen para Inseminação Artificial e a Fertilização In Vitro com ICSI (quando se injeta um único espermatozoide dentro do óvulo).
Obesidade e cirurgia bariátrica
Segundo o especialista Edson Borges Júnior, os homens com excesso de peso já têm uma diminuição da mobilidade e do número de espermatozoides, por causa da obesidade. Quanto maior o peso (o índice de massa corpórea – IMC), maior a alteração seminal.
Na cirurgia bariátrica, onde ele perde peso muito rapidamente, há uma mudança drástica de seu metabolismo, o que ofende bastante os testículos. “Não é incomum que o homem que já tinha uma alteração seminal pela obesidade fique azoospérmico (sem espermatozoide) após esse procedimento”, explica o médico.
Câncer e Infertilidade
Um dos maiores efeitos negativos dos tratamentos para o câncer é a infertilidade. Pesquisas indicam que 78,8% dos pacientes de câncer se preocupam com a fertilidade. “Recentemente diversas estratégias para preservação da fertilidade nestes pacientes foram desenvolvidas, sendo que o método mais seguro e eficaz é o congelamento de óvulos ou embriões, anteriormente à terapia gonadotóxica”, sinaliza Assumpto Iaconelli Júnior, especialista em reprodução humana e diretor clínico do Fertility Medical Group.
Nada menos que 89,5% dos pacientes se sentem seguros com a técnica do congelamento. Porém, o congelamento requer a coleta de óvulos posterior ao estímulo ovariano controlado, um procedimento que pode levar três semanas. Além disso, para o estímulo ovariano, altas doses de hormônios podem estimular o crescimento de tumores sensíveis, como cânceres de mama e do endométrio.
Portanto, a estimulação ovariana convencional acaba sendo uma alternativa apropriada apenas para mulheres que não apresentam tumores sensíveis a hormônios e quando o tratamento de câncer não é imediatamente iniciado após o diagnóstico. Para esses casos, outras estratégias incluem regimes de estímulo ovariano modificados, muito mais rápidos, durando apenas 10 a 12 dias. Mesmo assim, o congelamento de embriões acaba sendo um método disponível apenas para pacientes que tenham parceiro do sexo masculino ou a intenção de utilizar sêmen de doador.