Cotidiano

Paulinho Guitarra apresenta novas músicas em festival no Teatro da UFF

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NITERÓI ? O niteroiense Paulinho Guitarra, que se apresenta no Festival Tudo Blues, no Teatro da UFF, neste sábado, às 21h, é sem igual. Não há dúvidas. Poucos no Brasil têm habilidade e técnica iguais às dele no instrumento que carrega no próprio nome. O guitarrista é dono de uma carreira solo prolífica, com quatro discos instrumentais, que viajam do blues ao rock, passando pelo jazz. Foi membro da banda de Tim Maia nos tempos áureos, de 1971 a 1977, e até a batizou de Vitória Régia. Além disso, tem uma longa carreira ao lado de grandes artistas brasileiros, desde os parceiros de soul Hyldon, Cassiano e Carlos Daffé até figuras como Bebel Gilberto, Marina Lima, Banda Black Rio e Ed Motta. Não que seu talento precise de confirmação, mas sua mulher, Jane, conta orgulhosa:

? O Ed é muito exigente no estúdio, atento aos mínimos detalhes. E ele nunca quer refazer as gravações do Paulinho, diz que não precisa. Eu tenho assistido isso há anos e anos.

Paulinho gravou seu último disco em 2011, o ?Romantic lovers: sparkling guitars from Paulinho Guitarra?. Agora, ele se juntou mais uma vez ao seu grupo The Very Very Cool Band e está de volta ao estúdio. Dessa vez, com um trabalho totalmente voltado à soul music.

? As pessoas falavam: ?Você sempre gravou com essa galera do funk, do soul: Tim, Ed, Black Rio. Por que só faz disco de rock e jazz?? Então, agora, estou fazendo um disco instrumental bem legal, de soul. O nome é ?Baile da Suméria?. Além da minha banda, tem músicos convidados, grandes feras, como o baixista Alberto Continentino e o batera Renato Massa ? conta Paulinho.

O repertório do show no Teatro da UFF já contará com músicas desse novo CD.

? O roteiro tem canções desde o primeiro disco, o ?Paulinho Guitarra?, que lancei em 1991 pela Niterói Discos, até os três mais novos, que saíram pelo meu selo, o Very Cool Music. Do novo trabalho, vou tocar duas ? diz.

Apesar de já ouvir artistas do gênero, como James Brown, Marvin Gaye e Otis Redding, Paulinho conta que a soul music entrou definitivamente em sua vida quando ele conheceu Tim Maia. Os dois começaram a tocar juntos quando o guitarrista tinha apenas 16 anos:

? Foi o Tim quem botou a galera para tocar soul music no Brasil. Ele me apresentou a Donny Hathaway, Isley Brothers, Al Green. O que eu conhecia, misturado ao que ele me mostrou, ajudou a formar o meu som na guitarra.

O músico esteve ao lado de Tim nos melhores e piores momentos do início da carreira do cantor. A parceria começou no segundo disco, no qual estão clássicos como ?Não quero dinheiro (Só quero amar)? e ?Você?, e terminou somente depois da fase Racional de Tim, quando, segundo Paulinho, a maioria dos outros colaboradores tinha partido para outra, já que o disco duplo dedicado à seita só trouxe prejuízo. No volume dois deste álbum está ?O caminho do bem?, sucesso moderno de Tim, composto por Paulinho, Beto Cajueiro e Serginho do Trombone.

? Ele me chamou e me mostrou o livro da Cultura Racional. Na hora, eu achei o maior barato, porque, na época, eu era muito amarrado em discos voadores e vida fora da Terra. Nós estávamos no estúdio e tínhamos material para um disco triplo já. Ele apagou as vozes, jogou as letras fora e começou a cantar sobre os ensinamentos do Racional Superior. A parte musical era muito boa, mas o disco foi execrado nos anos 1970. Só depois da década de 1990 ele foi resgatado e virou o clássico cult que é ? diz.

Depois que saiu da banda de Tim, Paulinho foi contratado para tocar com Sidney Magal, um fenômeno que dominava o país no fim dos anos 1970:

? Foi a época que eu mais fiz show. Era um barato, todo mundo de terno. E a gente fazia a coisa ficar muito legal, porque a banda era muito boa.

Mais tarde, foram oito anos ao lado de Marina Lima. Sua parceria mais duradoura é com Ed Motta, curiosamente, sobrinho de Tim Maia. Os dois gravam e se apresentam juntos desde 1992.

? Na última turnê, em 2014, fizemos três noites em Tóquio. Chegou um japonês no camarim com o LP do meu disco de 1991 e pediu para eu dar autógrafo. As pessoas conhecem a minha discografia. Essa experiência é legal ? diz.