PALMA DE MALLORCA, Espanha Autoridades fiscais espanholas voltaram a pedir nesta sexta-feira uma sentença de 19 anos de prisão para Iñaki Urdangarin, marido da infanta Cristina, além de uma multa de 980 mil euros. Na reta final do julgamento do caso Noos, a princesa também teve seu pedido de 8 anos mantido pela associação Mãos Limpas, envolvida nas denúncias contra a realeza espanhola. De volta ao banco dos réus, o casal é julgado no escândalo por crimes fiscais e corrupção.
Os argumentos finais começam na sexta-feira e estão previstos para terminar na terça-feira. No longo processo, a infanta já negou envolvimento no escândalo e disse que o casal não tem contas bancárias em paraísos fiscais.
Medalhista olímpico de handebol e empresário, Urdangari enfrenta a acusação mais grave do caso. Ele supostamente usou o seu título de duque de Palma para desviar cerca de 6 milhões em contratos públicos através do Instituto Noos, uma organização sem fins lucrativos que dirigia com outro sócio.
Já Cristina é acusada de ter atuado como cooperadora necessária em dois delitos de evasão fiscal . Ela supostamente não declarou impostos sobre despesas pessoais pagas pela Aizoon, uma empresa suspeita de corrupção de sua propriedade e de seu marido. A Justiça do país argumenta que o crime não só prejudica a administração pública, mas também a todos os cidadãos.
Segundo o juiz de instrução do caso, a infanta conhecia os negócios do marido e se beneficiou pessoalmente do dinheiro desviado. O próprio procurador, no entanto, não viu indícios do delito e chegou a proibi-lo de processar a infanta por tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
Dois procuradores representando as autoridades fiscais espanholas já defenderam que as acusações contra Cristina sejam retiradas, porque a infanta não teria cometido crimes. Neste caso, ela enfrentaria no máximo uma multa administrativa por evasão fiscal.
Em depoimento anterior, ao ser interrogada por cerca de 20 minutos pelo seu advogado, a infanta se declarou completamente desvinculada da gestão da empresa Aizoon, de que é co-proprietária junto ao seu marido. A princesa negou que ela ou o seu marido tenham contas em paraísos fiscais.
Não tenho contas em paraísos fiscais. Tenho, sim, uma conta na Suíça, já que moro na Suíça disse a princesa, segundo o jornal “El País”. Nunca tive contas em paraísos fiscais, assim como meu marido.
Em março, ele disse que sua esposa conhecia “vagamente” os serviços de consultoria prestados pela Aizoon. Ele insistiu que nunca imaginou que poderia estar fazendo algo de questionável.
Eu nunca tive conhecimento de que estava cometendo um crime fiscal porque eu tinha meus assessores que me diziam que estava tudo correto declarou Udangarin.
O casal se vê diante de um alto risco em uma monarquia que teve a imagem arranhada várias vezes nos últimos anos. Esta é a primeira vez desde a restauração da monarquia, em 1975, que um membro da família real espanhola enfrenta acusações criminais.