Cotidiano

América Móvil pode reduzir investimentos de 10% a 20% no Brasil

RIO – A América Móvil, que reúne Claro, Net e Embratel, pode cortar de 10% a 20% seus investimentos no Brasil este ano, dependendo do ritmo da atividade econômica, afirmou José Antonio Félix, presidente do grupo no país nesta quarta-feira. Em fevereiro, a companhia anunciou que reduziria em 20% a 25% seu aporte global.

— Se houver queda, será devido à recessão econômica. Estamos investindo no mesmo patamar de 2015. Mas se vamos chegar lá depende do crescimento do país. Apesar das dificuldades que o mercado apresenta hoje no Brasil, continuamos otimistas e vislumbrando oportunidades de crescimento — disse Félix.

O executivo reconhece os desafios de trabalhar com o mercado crescendo menos que há um par de anos atrás. E ponderou que uma parcela dos investimentos das empresas de telecomunicação é variável, mudando conforme o volume de vendas.

— Temos de esperar um pouco para ver o quanto a economia do país vai reagir e como vai afetar os investimentos. A maior parte dos especialistas diz que a retomada virá em 2017 — contou ele.

Apesar disso, Félix acredita que a carteira de TV por assinatura via satélite da Claro está perto de se estabilizar:

— A estimativa é de que no terceiro trimestre já se consiga estabilizar a TV por assinatura satélite — afirmou o presidente da América Móvil no Brasil.

O segmento foi um dos que mais sentiu retração em consequência à crise econômica no país, perdendo clientes nos últimos meses, por ser mais suscetível aos cortes de gastos feitos pelos consumidores das classes C, D e E.

O executivo destacou que a perda de clientes neste segmento nos últimos meses também está relacionada a uma mudança de foco nessa unidade de negócios, que está voltando suas atenções para clientes mais premium, apostando, por exemplo, na oferta robusta de canais em alta definição.

OLIMPÍADA NÃO TERÁ DIFICULDADE COM DADOS

Claro, Embratel e NET, patrocinadoras oficiais de serviços de telecomunicações da Olimpíada do Rio, apostam no evento como impulsionador de negócios. Nos últimos três anos, a América Móvil investiu R$ 30 bilhões no Brasil, com uma fatia relevante deste montante destinada a infraestrutura para os Jogos Rio 2016.

— O tráfego de dados deve ser quatro vezes maior que em Londres — disse Marcello Miguel, diretor de negócios e marketing da Embratel, afirmando que não haverá problemas com tráfego de dados nas instalações olímpicas. — Nos Estados Unidos, o Super Bowl 50 teve 26 mil dispositivos conectados simultaneamente. Na Rio 2016, esperamos o dobro.

José Formoso, presidente da Embratel, destacou que a Olimpíada é um evento distinto da Copa do Mundo, quando houve dificuldades no uso de celulares nos estádios no Brasil. Os dois momentos de pico seriam a abertura e o encerramento.

— Estamos preocupados, mas os investimentos foram feitos para acompanhar a demanda de dados. Não é tudo num estádio. Há diferentes lugares para celebrar. Estudamos bem Londres para fazer os investimentos — sublinhou Formoso, explicando que todo torcedor com ingresso terá acesso à rede de internet sem fio nas instalações que receberão as provas olímpicas.

A base de telecom da Olimpíada contará com um tronco de mais de 370 quilômetros de fibras óticas, com três canais de operação para garantir a disponibilidade para transmissão dos Jogos. A rede terá velocidade de 40 Giga por segundo, conectando 60 mil pontos de acesso em mais de uma centena de instalações.

Para ampliar a cobertura da Claro, a empresa instalou 97 novas estações de transmissão 3G e 4G, com o objetivo de suportar o aumento do uso de celulares no evento.