O Jornal O Paraná segue com a série de entrevistas com os vereadores eleitos pela primeira vez para o exercício do mandato em Cascavel. Nesta edição apresentamos o vereador eleito Antonio Marcos (PSD). O objetivo da série é aproximar os eleitores das propostas e trajetórias dos novos representantes. Antonio Marcos conquistou 1.949 votos nas urnas no dia 6 de outubro. Esta foi à segunda vez que ele disputou um cargo à Câmara de Cascavel. Durante a conversa, Antonio Marcos destacou o trabalho realizado como líder comunitário que, segundo ele, foi essencial para conquistar a cadeira no legislativo cascavelense, bem como falou sobre os planos para seu primeiro mandato na Câmara de Cascavel. Confira entrevista na íntegra em vídeo no final da matéria.
O Paraná – Você fez 1.949 votos nesta eleição, uma votação bem expressiva. Qual é a avaliação que você faz da votação e também da sua eleição para vereador de Cascavel?
Antonio Marcos – Essa votação era de certa forma esperada, porque a gente teve um resultado de 1.197 votos na primeira campanha e o trabalho continuou no primeiro dia, a gente deu continuidade ao nosso trabalho que é um trabalho comunitário. Então foram mais quatro anos ininterruptos de trabalho. Então o grupo de amigos cresceu, os trabalhos se multiplicaram, fomos à busca de apoio com deputados, por exemplo, o deputado Gugu nos ajudou muito, trazendo verbas para o bairro, coisas que a gente não tinha antes. Na primeira, eu não tive apoio de nenhum político. E o meu número de amigos, companheiros, era bem reduzido. Mas a experiência nos fez ampliar, buscar novos amigos, novos bairros também; ampliar, sair um pouco só do Neva, Parque São Paulo e buscar um pouco mais de votos fora.
O Paraná – A sua entrada na política foi através do movimento comunitário, do trabalho realizado nas associações?
Antonio Marcos – Às vezes a gente faz uma pequena escolha lá atrás e nem imagina que ela vai se tornar um resultado como o que está tendo agora. Eu fui líder de sala na quinta série, quando eu fui fazer a faculdade de economia na Unioeste, eu fui presidente do centro acadêmico, depois do CEP, depois tive a oportunidade de fazer a faculdade de Direito na FAG, também reestruturei o centro acadêmico de Direito da FAG, sempre uma política estudantil. Então, naquela oportunidade, o meu professor de Direito Constitucional, Rafael Brugnerotto, saiu candidato e viu ali um potencial na minha pessoa para poder ajudar na sua campanha. Foi aí que eu entrei para a política partidária; me afiliei ao PSB e comecei a trabalhar com ele. Naquela oportunidade, ele perdeu a eleição por dois votos. Se eu não me engano, ele fez 1.400, o concorrente dele fez 1.402. E nós começamos a trabalhar, a continuar trabalhando junto e optamos por, novamente, ajudar mais uma vez o Rafael para a campanha. De novo, ele foi bem votado, mas ainda perdeu por 100 votos na segunda tentativa. E para a terceira, mais empoderado, mais conhecedor, acreditando que precisava dar minha contribuição para a política, eu coloquei o meu nome e aí foi o resultado de 1.197 votos.
O Paraná – E como o Antonio se tornou um líder comunitário?
Antonio Marcos – Para você chegar à vereança, você precisa buscar visibilidade. E eu já um pouco mais tranquilo trabalhando para o Estado, como sou agente de segurança sócio-educativo, eu trabalho na escala de 12 horas por 36 horas. Isso me dá aí um dia de folga. Então eu busquei saber como que estava a questão da nossa associação de moradores na época. E aí eu me aproximei, vi que as eleições estavam próximas, me juntei com o grupo que lá estava e começamos então a trabalhar pela associação. Mas eu tenho um diferencial. Primeiramente, eu trabalhei muito em chão de fábrica. Trabalhei em metalúrgicas, trabalhei como pedreiro, pintor, uma série de pequenos trabalhos que me dão uma facilidade ao resolver alguns problemas. Então eu me destaquei como líder comunitário porque fiz parcerias públicas e privadas. Vou dar um exemplo. No Ginásio da Neva, nós precisávamos lá de uma reforma no parquinho, porque o nosso parquinho era antigo, brinquedos de ferro, alguns quebrados, uma areia já suja, as pessoas já não utilizavam mais o espaço. E certa vez eu vi o rapaz lá na Carlos Gomes montando um parquinho novo e eu perguntei pra ele como que seria pra gente ter um no bairro. Aí ele me indicou o nome do Walter Pazianello. Aí fui conversar com o Walter e ele falou: Marcos, eu tenho o parquinho, porque foram comprados vários por licitação, mas nós temos uma dificuldade em questão de material pra fazer o contrapiso e a mão de obra também para nós não é fácil. Como eu sei que trabalhar na construção civil, eu me propus imediatamente a fazer o piso e fui em busca da comunidade pra arrecadar o dinheiro para comprar o material. Então em 10 dias a gente fez o piso, arrancamos as estruturas antigas, o parquinho, a areia, fizemos o piso e a Prefeitura imediatamente colocou o parquinho. Então às vezes levam três, quatro, cinco, seis meses para ter uma estrutura dessa e em dez dias nós já tínhamos o parquinho no Ginásio da Neva.
O Paraná – Uma das suas principais bandeiras na campanha foi a causa do meio ambiente. Como vereador de Cascavel, você vai trabalhar em prol desse tema?
Antonio Marcos – Eu também já fui presidente da ONG Amigo dos Rios, onde atuei por muitos anos e ainda sou membro. Nós temos uma defesa na proteção dos rios, recuperação de nascentes, plantio de árvores nativas e recuperação da mata ciliar. Nós vemos que os nossos rios estão abandonados. Não tem ninguém que de fato cuide proativamente. A própria ONG Amigo dos Rios tem um trabalho muito mais educativo. Então nós vamos buscar projetos de despoluição dos nossos rios e recuperação. Mas eu quero pegar um rio como modelo e mostrar que é possível resgatar.
O Paraná – Quais suas outras pautas como vereador de Cascavel a partir de 2025?
Antonio Marcos – Eu sou morador lá da baixada da Vila Neva, antigamente chamada Vila Sapo. Filho de mãe solteira e muito persistente. Eu tive a educação do meu avô, um gaúcho de Passo Fundo que trouxe pra mim a educação como uma chave que abre portas. É muito latente pra mim a fala dele. Então, essa minha persistência no estudo e o resultado que traz hoje, porque se eu não tivesse estudo, com certeza, hoje não estaria onde estou. Então, eu quero dar uma atenção especial à questão do da educação no município.
O Paraná – Quais são suas expectativas para a Câmara de Cascavel na próxima legislatura?
Antonio Marcos – Eu sei que eu não vou transformar o mundo, eu sou só mais uma peça. Espero que mais vereadores eleitos hoje pensem parecidos com a gente e que a gente venha a se somar. […] Eu sei que tem algumas pessoas que acabam entrando para a política visando o bem próprio. Eu não, eu quero o bem comum por uma questão de consciência. Eu sei que fazendo o bem ao próximo, estou fazendo para mim. E os resultados do meu trabalho mostram isso. […] Buscar somar forças com mais pessoas que pensam como eu, para a gente ajudar a administração de Cascavel.
O Paraná – Você é um nos nomes da renovação da Câmara de Cascavel. Qual a importância dessa renovação para o Legislativo Municipal?
Antonio Marcos – É muito importante. Muito importante. Tanto é que sempre que tiver oportunidade, a gente vai incentivar o jovem a participar da política. A política está presente em tudo. Por mais que a pessoa seja indiferente à política, ela vai estar ativa na sua vida. Então, eu quero ser um incentivador ao jovem entrar para a política.
O Paraná – Você estará junto com o prefeito eleito Renato Silva?
Antonio Marcos – Nos projetos que são para o bem comum estarei junto em todos, não só ele, mas com todos os projetos dos demais vereadores que são para o bem comum.
O Paraná – Os noves vereadores ou os vereadores reeleitos já te procuraram para falar sobre a eleição da Mesa Diretora da Câmara?
Antonio Marcos – Nós tivemos conversas nos bastidores, algumas coisas, têm dois ou três nomes sendo falados, mas nada… Esses dias fui tomar um café na Câmara, encontrei outro companheiro que também tocou no assunto, mas nada de concreto.
O Paraná – Você gostaria de acrescentar mais algo na nossa conversa?
Antonio Marcos – Gostaria de agradecer aos 1.949 amigos e amigas que confiaram a mim essa grande missão.
Veja abaixo a entrevista completa: