Procuradores municipais

PEC da carreira de procuradores municipais precisa de alteração, diz CNM

PEC da carreira de procuradores municipais precisa de alteração, diz CNM

Em audiência pública da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, nesta semana, representante da CNM (Confederação Nacional de Municípios) apresentou preocupações com a proposta que pretende obrigar a criação da carreira de procuradores, com ingresso por concurso público, em Municípios de 60 mil habitantes ou mais. A iniciativa tramita na Casa na PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 28/2023.

Apesar de aprovar a ideia, o consultor jurídico da CNM, Mártin Haeberlin, apontou preocupações. A primeira delas refere-se à autonomia administrativa municipal, garantida pelo artigo 18 da Constituição Federal. Na audiência, o especialista apontou que há uma reclamação recorrente de prefeitos e prefeitas quanto procuradores do quadro permanente, em razão da estabilidade, especialmente em Municípios com apenas um ou com poucos procuradores, visto que, às vezes, há incompatibilidades de pensamento com a gestão, o que pode implicar em consequências nas políticas públicas. O especialista apontou também dificuldades em cidades que, mesmo tendo um porte maior, ficam em locais remotos, dificultando a atração de talentos em concurso público.

Outro ponto é relacionado ao orçamento, uma vez que proposta cria despesas públicas para os Municípios, devendo ser analisada a respectiva fonte de custeio, nos termos do artigo 167 da Constituição, acrescentado pela Emenda 128/2022. O artigo trata da proibição de criar encargo financeiro, inclusive despesas de pessoal, sem a previsão de fonte de receita ou sem a previsão de transferência de recursos financeiros para custeio.

Por fim, se de todo modo a PEC avançar, o consultor alertou que, na visão da CNM, é preciso fazer ajustes no texto para atender a realidade de cada município, uma vez que não se trata de regra geral.