Cotidiano

Operador do PMDB recebeu R$ 7,3 milhões de sócia de Eike Batista

SÃO PAULO. Condenado a seis anos e oito meses de prisão na Lava-Jato, o operador João Augusto Rezende Henriques, ligado ao PMDB da Câmara, recebeu R$ 18,5 mihões de fornecedores da Petrobras entre 2004 e 2013. Deste total, R$ 7,3 milhões foram depositados pela Mendes Júnior Trading, sócia de Eike Batista, a uma das empresas do operador, a Trend Empreendimentos. Segundo o juiz Sérgio Moro, a construtora não justificou o pagamento. Andrade Gutierrez e UTC, que colaboram com a Lava-Jato, estão entre as construtoras que dizeram pagamentos.

A investigação faz parte da Operação X, deflagrada nesta quinta feira pela Polícia Federal, a 34ª fase da Lava-Jato.

Henriques foi funcionário da Petrobras e chegou a ser indicado para a diretoria Internacional pela bancada do PMDB na Câmara dos Deputados. A indicação ocorreu quando os deputados peemedebistas exigiram o cargo para aprovar a CPMF. Ele substituiria Nestor Cerveró, indicado pelo PMDB do Senado. Seu nome acabou vetado porque ele já estava envolvido em irregularidades identificadas pelo Tribunal de Contas União. O episódio foi contado em delação pelo ex-senador Delcídio do Amaral e confirmado por Cerveró.

Segundo o delator Eduardo Musa, ex-funcionário da Petrobras e também da OSX, o Consórcio Integra, formado pela OSX e pela Mendes Júnior, prometeu pagar R$ 5 milhões em propina a Henriques para fechar contrato para as plataformas P-67 e P70 da Petrobras, um contrato de R$ 922 milhões. Em troca, receberiam informações privilegiadas. Segundo Moro, as investigações mostraram que a Trend não prestou serviços nem tinha estrutura empresarial para justificar o valor recebido das empreiteiras.

Para repassar propinas, segundo as investigações, o Consórcio Integra teria assinado ainda contratos com outras empresas, como a Chemtech Serviços de Engenharia e Software., VWS Brasil (Grupo Veolia) e o Grupo Tecna-Isolux Projetos e Instalações.

Para o Tecna-Isolux foram pagos R$ 6 milhões. Tanto era assim que, de fato, não houve prestação de serviços, sendo os relatórios anexados às suas faturas produzidos pelo próprio Consórcio Integra e encaminhados às empresas para que sua logo fosse adicionada.

A Chemtech, do Grupo Siemens, teria fechado dois contratos superfaturados com o Consórcio. Um dos contratos, no valor de R$ 57 milhões, chegou a R$ 70 milhões depois de receber aditivos. De acordo com o MPF, o padrão internacional era que os contratos da Chemtech correspondessem a 2,5% a 3,5% do contrato principal, mas neste caso os percentuais chegaram a 8% e 12%.

Também treriam sido fechados dois contratos superfaturados com a empresa Veolia, para permitir a geração de valores para para pagar propina. O primeiro contrato era de R$ 45 milhões e chegou a R$ 94 milhões depois de receber aditivos. O segundo, de R$ 37 milhões, alcançou R$ 72 milhões após aditivos.