O pessimismo inicial da imprensa internacional com os Jogos Olímpicos do Rio deram lugar a análises que constatam que, apesar de o Brasil estar mergulhado em uma grave crise política e econômica, a Olimpíada foi marcada por mais acertos que erros. O jornal americano “The New York Times” afirmou que a cidade está “mudada, se não renascida”. Já o francês “Le Monde” destaca o clima de contradição pós-Jogos: “houve muitas críticas, mas foi bom”.
Para o “NYT”, a Olimpíada deixa um legado positivo. “Estes Jogos foram inicialmente vistos como pedra angular triunfal para uma potência global em ascensão. Em vez disso, enquaunto o Brasil sofre sua pior recessão em décadas, os Jgoos se transformaram em símbolo da arrogância polícia. Mas especialistas dizem que os Jogos também serviram como poderoso catalizador para a revitalização urbana, estimulando projetos de infraestrutura, financiados com dinheiro dos contribuintes e investimento privado, que vão melhorar as vidas dos moradores do Rio”, escreveu o diário.
O periódico lista a construção de quatro túneis, da nova linha de metrô e extensão do BRT como pontos positivos, mas pondera que boa parte do legado beneficiará mais a população de alta renda, como a Vila dos Atletas e o Campo de Golfe.
O “Wall Street Journal” analisou que o Braisl passa a tocha olímpica para Tóquio “orgulhoso e aliviado”. O diário econômico diz que “mais coisas deram certo do que não funcionaram” e que, na maior parte das vezes, os visitantes chegaram onde precisavam.
Mas destaca que é cedo para falar sobre os impactos da Olimpíada na cidade. “Agora que o circo deixou a cidade, haverá muito para os cariocas e brasileiros reconhecerem nos meses e anos à frente. Embora as despesas oficiais da Olimpíada tenham sido estimadas em cerca de US$ 12 bilhões, algumas especialistas admitem que os números possam passar dos US$ 20 bilhões. O Rio permanece um microcosmo das divisões sociais e vasta desigualdade do Brasil em renda, educação e oportunidades”, afirma o jornal.
GUARDIAN: 'MUNDO NOVO COMO O MUNDO VELHO'
O tom mais crítico ficou por conta do britânico “The Guardian”. No balanço dos Jogos, o jornal questiona, em português, se a Olimpíada trouxe de fato “um mundo novo”, em referência ao slogan oficial dos Jogos do Rio. Para o periódico, o mundo novo se parece muito com o mundo velho. A ostentação do desenvolvimento na Barra não será de nenhum uso para os 20% da população do Rio que vive sem saneamento básico, lembra o britânico.
O jornal também criticou a falta de público em algumas arenas, culpa da falta de popularidade dos esportes olímpicos e dos altos preços: “Alguns continuarão a condenar a realização dos Jogos em um país onde o público falhou em lotar as arenas. O consenso parece ser que isso é uma vergonhosa combinação de fatores. Mas vergonhosa para quem? Os ingressos são caros, em relação à renda da população. Foi uma classe política, não um plebiscito que fez lobby para a Olimpíada. O simples fato é que o brasileiro médio não está realmente interessado em esportes olímpicos, que sofrem com a falta de divulgação e estruturas, e com a ausência daquela pronta identificação com as velhas tradições. Assentos vazios foram sobretudo uma falha de marketing do Comitê Organizador”
Para o “Guardian”, no entanto, o espetáculo dos atletas superou os problemas da cidade. A estreia de Kosovo com medalha, o show de Usain Bolt, a consagração de Michael Phelps e a esteria brilhante de Simone Biles na ginástica artística foram lembrados como momentos que fizeram todos vibrar.
O francês “Le Monde” Paris é candidata aos Jogos de 2024 preferiu fazer uma extensa lista de tudo que deixará saudades nos Jogos, como o mascote Vinicius e o choro de Neymar, para concluir, em português: “Obrigado Rio. On sest beaucoup plaints, mais cétait bien (houve muitas críticas, mas foi bom).