RIO ? O planeta está aquecendo em ritmo nunca visto nos últimos mil anos, alertaram cientistas climáticos da Nasa, o que torna ?muito improvável? que o mundo fique dentro dos limites acordados em Paris. Este ano, que provavelmente será o mais quente desde que as medições começaram a serem feitas, em 1880, as temperaturas médias globais já atingiram pico de 1,38 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais, se aproximando perigosamente do marco de 1,5 grau, colocado como meta pelo acordo climático internacional.
E olhando para dados estimados sobre temperaturas no passado mais remoto, pela análise de sedimentos no gelo, os pesquisadores alertam que o aquecimento das últimas décadas está bem acima do registrado em qualquer período do último milênio, informa o jornal britânico ?Guardian?.
? Nos últimos 30 anos nós realmente nos movemos para um território excepcional ? disse Gavin Schmidt, diretor do Instituto Goddard para Estudos Espaciais da Nasa. ? É sem precedentes em mil anos. Não existe um período que teve a tendência que estamos vendo no século XX em termos de inclinação da temperatura.
Schmidt reafirmou sua previsão de que existem 88% de chances de que 2016 seja o ano mais quente de todos os tempos, com cerca de 20% do aquecimento atribuído ao poderoso El Niño. Até o momento, o ano passado foi o mais quente já registrando, superando recorde alcançado em 2014.
? Manter as temperaturas abaixo de 1,5 grau Celsius requer significativos e rápidos cortes nas emissões de carbono ou geoengenharia coordenada. Isso é muito improvável. Nós não estamos nem mesmo cortando emissões para manter o aquecimento abaixo de 2 graus ? disse Schmidt. ? E é nas tendências de longo prazo que nós temos que nos preocupar, e não existem evidências de que o aquecimento irá passar e muitas razões para pensarmos que ele virá para ficar. Não existem pausas ou hiatos na elevação da temperatura. As pessoas que pensam que já terminou estão vendo o mundo através de lentes cor de rosa. Este é um problema crônico para a sociedade nos próximos 100 anos.
A reconstrução das temperaturas feita pela Nasa, usando dados da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), descobriu que as temperaturas globais tipicamente aumentaram entre 4 e 7 graus Celsius durante um período de 5 mil anos, tirando o planeta das eras do gelo. Mas o aumento da temperatura no último século aumentaram em ritmo dez vezes mais rápido do que no passado.
E o aumento do ritmo do aquecimento significa que o mundo vai aquecer 20 vezes mais rápido do que na média histórica nos próximos 100 anos, segundo a agência espacial americana. Contudo, a comparação de recentes temperaturas com o paleoclima não é exata, já que relaciona técnicas modernas com estimativas gravadas em sedimentos no gelo e em rochas.