SÃO PAULO. O Ministério Público Federal pediu a nomeação urgente de perito médico judicial para avaliar o estado de saúdo do pecuarista José Carlos Bumlai. O juiz Sérgio Moro concedeu prisão domiciliar a Bumlai por três meses, para tratamento de um câncer na bexiga. No dia 10 de agosto determinou que ele voltasse a cumprir prisão preventiva a partir de 23 de agosto. No último dia 17, porém, Bumlai foi internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde permanece sem previsão de alta e o relatório médico indicou possível reação do organismo ao tratamento do câncer, iniciando terapia com corticóides.
Moro adiou o retorno dele à prisão para o dia 6 de outubro e a defesa apresentou novo recurso para que a decisão seja revista. Segundo os advogados, a terapia com corticóides provoca queda na imunidade e o ambiente prisional coloca a vida de Bumlai em risco. O pecuarista tem 71 anos. Afirmam ainda que no período em que foi mantido em prisão domiciliar ele não descumpriu qualquer regra e continuou colaborando com a Justiça em seus depoimentos.
Os procuradores argumentaram que “consecutivos problemas de saúde apresentados curiosamente no exato momento em que foi restabelecida a prisão preventiva dele” e quando há fortes indícios de participação de Bumlai em crimes que ainda estão sendo apurados.
Os procuradores dizem que a prisão é indispensável para garantia da instrução criminal e pede que o perito médico judicial avalie o estado de saúde de Bumlai, determinando se de fato ele precisa ficar internado e se o tratamento não pode ser feito no Complexo Médico Penal, “onde ficam presos que necessitam de tratamento e idosos”.
O pecuarista é amigo pessoal do ex-presidente Lula e se tornou réu na Lava-Jato por ter feito em seu nome um empréstimo de R$ 12,1 milhões para o PT, que seria destinado a cobrir dívidas de campanha. O empréstimo foi tomado no Banco Schahin e não foi pago. De acordo com a denúncia, a quitação ocorreu com a intermediação de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, depois que uma das empresas do Grupo Schahin obteve com a Petrobras um contrato de mais de R$ 1 bilhão. Para simular pagamento, foi cometida uma fraude: um falso documento no qual o pecuarista entregava ao banco embriões bovinos em pagamento da dívida.