SÃO PAULO – O Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) pediu nesta quarta-feira à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo proteção para duas famílias que relataram ao órgão terem sido alvo de ameaças após o assassinato de cinco jovens da zona leste de São Paulo. De acordo com o conselho, um dos casos envolve uma abordagem policial a um sobrinho de uma das vítimas. A denúncia foi formalizada hoje. O outro caso de ameaça foi relatado ao órgão pela mãe de um dos jovens mortos. Ela contou ao Condepe que um carro e uma moto passaram a fazer ronda à casa da família.
Além do pedido de proteção, o Condepe reiterou ontem pedido à Secretaria de Segurança Pública para que peritos independentes acompanhem o trabalho do IML (Instituto Médico Legal) na identificação dos corpos.
A solicitação partiu da família dos jovens,que pedem transparência na perícia, segundo o vice-presidente do conselho, Luiz Carlos dos Santos. O mesmo pedido foi feito ontem à Secretaria de Segurança Pública, mas foi vetado pelo governo de São Paulo. A alegação foi de que não há suspeição sobre o trabalho dos peritos do IML.
A série de dúvidas que cerca o assassinato de cinco jovens, cujos corpos foram encontrados com sinais de execução no último domingo, passou a ter ontem a tese de que a cena do crime foi alterada para confundir a investigação policial. Ao SPTV, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, disse ter ?convicção? sobre isso. Procurada pelo GLOBO, a secretaria informou apenas que, até agora, não há prova de envolvimento de policiais no crime. A Justiça decretou sigilo sobre a investigação.
Pela teoria do secretário, cápsulas de pistola .40 encontradas numa área de mata de Mogi das Cruzes, onde os corpos foram achados, teriam sido colocadas no local propositalmente. A munição é de uso reservado das polícias Civil e Militar.
A informação é relevante porque a perícia ainda não encontrou marcas desse tipo de munição nos corpos das vítimas. Por outro lado, das cinco cápsulas achadas perto dos corpos, quatro já foram identificadas como sendo de lotes comprados pelas polícias Civil e Militar de São Paulo.
A suspeita de envolvimento de policiais no caso também conta com uma mensagem de áudio enviada por uma das vítimas a uma amiga. Nela, Jonathan Moreira Ferreira, 18, relata uma abordagem da polícia no último dia 21, quando os cinco jovens desapareceram após sair do Jardim Rodolfo Pirani para ir a uma festa. O convite teria sido feito por meio de uma rede social.
Também faziam parte do grupo César Augusto Gomes Silva, Caíque Henrique Machado Silva e Robson Fernando Donato de Paula, todos com idade entre 16 e 18 anos. Eles moravam no mesmo bairro e tinham histórico de passagens pelas polícia. Eles saíram para ir à festa de carona, no carro de Jones Ferreira Januário, de 30 anos, também vítima da chacina.
As outras linhas de investigação sobre a chacina apuram eventual acerto de contas entre criminosos e vingança após a morte de um guarda civil metropolitano.