NOVA YORK ? A decisão do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de escolher o tenente-general aposentado Michael Flynn para o cargo de assessor de segurança nacional da Casa Branca demonstra um profundo desprezo pelos princípios dos direitos humanos e pelas leis de guerra, criticou a Human Rights Watch (HRW) nesta sexta-feira. Segundo a organização de direitos humanos, com sede em Nova York, Flynn repetidamente endossou propostas de Trump que constituiriam tortura e outros crimes de guerra.
?Michael Flynn mostrou um atordoante desprezo pelas Convenções de Genebra e outras leis que proíbem a tortura?, salientou em nota Sarah Margon, diretora da HRW em Washington. ?Ao oferecer este cargo-chave para Flynn, o presidente eleito Trump está minando os compromissos dos EUA com as leis internacionais que foram quebradas em detrimento dos Estados Unidos?.
A indicação foi antecipada na quinta-feira por uma autoridade de alto escalão do futuro governo Trump. Perguntado se Flynn deve aceitar o cargo, uma pessoa próxima a ele respondeu: ?Quando o presidente dos Estados Unidos lhe pede para servir, só há uma resposta?.
Conhecido por suas declarações incendiárias contra muçulmanos, Flynn assessorou Trump durante a campanha em questões de segurança nacional e participou algumas vezes como orador introdutório em alguns eventos da campanha. Ele foi chefe da Agência de Inteligência da Defesa.
A HRW já havia afirmado que iria acompanhar de perto as ações de Trump, após suas declarações de campanha apoiando a tortura.
? Não levo totalmente a sério o que ele disse durante a campanha ? disse o diretor-executivo Kenneth Roth. ? Não espero o pior, mas também pressionamos para que o pior não se transforme em política oficial. Trump recuou um pouco, mas durante a campanha teria dito que aprovaria o ?submarino seco? ou mesmo coisas piores (…) embora sejam ineficazes contra as pessoas suspeitas de terrorismo.
Segundo Kenneth, o presidente dos EUA, Barack Obama, não fez o suficiente em matéria de ações judiciais contra os autores de atos de tortura, deixando aberta a possibilidade de Trump restabelecer práticas controversas utilizadas sob a administração de George W. Bush, no poder entre 2001 e 2009.