WASHINGTON – O procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, rescindiu uma ordem do Departamento de Justiça que determinava acabar com o uso de prisões privatizadas no sistema federal. A diretriz havia sido emitida em agosto pelo órgão sob o governo de Barack Obama. A medida teria sido tomada para retomar com intensidade a gestão das detenções de imigrantes ilegais.
Segundo Sessions, a política de Obama limitava a capacidade do governo de dar respostas efetivas às necessidades do setor carcerário.
Sob Obama, o Departamento de Justiça tomou a medida em agosto passado, destacando a ausência de políticas de reabilitação dos presos nas instituições privadas. Reformas prisionais foram uma das políticas mais defendidas pelo hoje ex-presidente, que comutou centenas de penas de culpados por crimes não violentos, usando o poder enquanto presidente.
?Serviços de reabilitação, como programas educacionais e treinamento profissional, se provaram difíceis de replicar e terceirizar ? e estes serviços são essenciais para reduzir a reincidência e melhorar a segurança pública?, diz o memorando. Mais presos, mais lucro
Em janeiro, a colunista do GLOBO Adriana Carranca destacou que os EUA têm a maior taxa de encarceramento do mundo. O número de presos em presídios federais saltou 800% entre 1980 e 2013. Como medida para evitar superlotação, o Departamento de Justiça começou a enviar condenados a prisões privadas em 1997 e se tornou o maior cliente da indústria de serviços de encarceramento ? mais de 15% dos presos federais estão nestas prisões.
“Nas mãos do setor privado, no entanto, a lógica é reversa: o investimento em programas de reabilitação de presos não implica apenas em mais gastos, como em menos ganhos no longo prazo, já que estes presos não retornariam ao sistema”, destacou Adriana. “Há óbvio conflito de interesses e implicações éticas na privatização dos presídios. A primeira: a responsabilidade do setor privado não é com a sociedade, mas com os investidores. Mais violência, mais presos; mais presos, maior o faturamento.”