Agronegócio

Cafeicultura paranaense com o foco na sustentabilidade

A cafeicultura paranaense deverá passar por uma reestrutura nos seus diversos segmentos

Plantação de café em Carlópolis. 07/2021 . Foto: José Fernando Ogura/AEN
Plantação de café em Carlópolis. 07/2021 . Foto: José Fernando Ogura/AEN

Em 2023, a cafeicultura paranaense deverá passar por uma reestrutura nos seus diversos segmentos, na busca por mais sustentabilidade. O ponto de partida para isso é o Plano Estadual de Apoio e Desenvolvimento da Cafeicultura do Paraná, elaborado, no segundo semestre do ano passado, por diversas entidades, como Sistema FAEP/SENAR-PR, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná (Fetaep) e Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab).

O material elenca os principais desafios da cadeia no Paraná, como o baixo preço do café nos últimos anos; alta dos custos de produção, especialmente insumos; deficiência de mão de obra em quantidade e qualidade; condições climáticas adversas; e falta de assistência técnica, com baixa disponibilidade de profissionais. A partir disso, foram definidos metas e objetivos para nortear as ações, visando promover o aumento da área cultivada e a rentabilidade dos cafeicultores.

O presidente da Comissão Técnica (CT) de Cafeicultura do Sistema FAEP/SENAR-PR, Walter Ferreira Lima, destaca três pontos de sustentação do plano: políticas públicas, com ações de parceria dos governos estadual e municipais; gestão de pessoas, com associativismo e desenvolvimento humano; e tecnologia e assistência técnica. “Creio que estes são a base para atingir o aumento da produtividade, renda e qualidade do café paranaense e chegarmos, no futuro, à marca de três milhões de sacas beneficiadas [a última safra paranaense atingiu 498 mil sacas]. Isso permite que a cadeia tenha agilidade e volume para despertar interesse do mercado”, afirma.

A capacitação dos produtores rurais é uma das estratégias para o desenvolvimento da cadeia. Em Carlópolis, por exemplo, o aumento da área dedicada à cultura cresceu de 750 hectares em 1970 para 5,5 mil hectares nas últimas décadas. Isso só foi possível graças à profissionalização dos cafeicultores, sendo que muitos fizeram curso do SENAR-PR. Em 20 anos, a entidade realizou 632 cursos sobre café, sendo quase 30% em Carlópolis.

“O município conta com um plano local de desenvolvimento da cafeicultura, que inclui parceria com o sindicato rural que demanda os cursos para o Sistema FAEP/SENAR-PR. Isso promove a instrução dos produtores e treinamento de assistência técnica. Hoje, Carlópolis é referência estadual na cafeicultura, sendo um bom exemplo a ser seguido”, destaca Bruno Vizioli, técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) da entidade.

O documento aponta tecnologias disponíveis para que os cafeicultores paranaenses atinjam produtividades superiores à média nacional, de 27,4 sacas beneficiadas por hectare. A média paranaense é de 27 sacas por hectare. “Temos muitas áreas com baixa produtividade porque são modelos antigos de produção, que precisam se adaptar às novas tecnologias. Mas, para o produtor assimilar o novo precisa de assistência técnica nesse processo. É aí que entram o associativismo, apoio do Estado e engajamento dos municípios”, complementa Lima.