Cascavel – O mês de junho vai chegando ao fim com um pequeno, mas significativo, alívio na rede de saúde montada para tratar pacientes com covid-19. O sistema iniciou o mês com muita pressão e sobrecarga. O dia 1º começou com 5.945 internados em leitos públicos e privados, e passou a primeira metade acima de 6 mil. Desses, praticamente metade na UTI. Ontem, eram 4.863 internados, dos quais 2.238 em UTI (1.883 SUS). A queda é de 18,2% no total de internados, puxada principalmente pelos leitos clínicos (-24,8%). Na UTI, a queda foi de 8,8% – de 2.454 para 2.238 ontem, dos quais 1.883 são SUS.
Apesar do alívio, a estrutura pública de UTI não viu baixar a taxa de ocupação de 94%, mesmo com a abertura de 53 leitos nesse período, totalizando 2.007 ontem.
Na Macro-Oeste, a situação é um pouco diferente. Apesar da queda de 20%, passando de 342 internados para 274, na UTI houve aumento de 9%. No início do mês eram 316 internados em estado grave, e, ontem, eram 345. A Macrorregulação Oeste, que inclui sete regionais de saúde do oeste e do sudoeste, ampliou a estrutura de UTI, passando de 330 para 357, e mesmo assim não consegue aliviar a lotação, mantendo pacientes na fila de espera.
Em entrevista ao Jornal O Paraná na última sexta-feira, o secretário de Saúde, Beto Preto, admitiu uma redução da gravidade dos casos, mas afirma que a rede de saúde permanece muito próxima do colapso e que por isso ainda não dá para relaxar.
Hospitais privados devem registrar leitos disponíveis
O governador Carlos Massa Ratinho Junior assinou nessa segunda-feira (28) o Decreto 7989/21, que dispõe sobre o monitoramento das informações de ocupação e disponibilidade de leitos públicos e privados em estabelecimentos de saúde no Paraná, com ou sem vínculo contratual com o SUS.
Agora, todos os hospitais devem registrar os atendimentos a pacientes suspeitos ou confirmados com a covid-19 na Care (Central de Acesso à Regulação do Paraná), além de informar a disponibilidade de leitos de cada unidade. Segundo o decreto, a atualização das informações deve ser realizada duas vezes ao dia.
O secretário estadual da Saúde, Beto Preto, explicou o objetivo do ato normativo: “Esse decreto visa conseguir o registro obrigatório de pacientes suspeitos e confirmados com a covid-19 por parte de hospitais privados que não usam o sistema Care. Essas informações irão auxiliar o governo do Estado na implantação, ou não, de medidas mais restritivas, compra e solicitação de equipamentos hospitalares e medicamentos de intubação”, explicou Beto Preto.
Dados
Segundo as informações da Regulação Estadual de Leitos, nessa segunda-feira (28), o Paraná registrou 3.873 pacientes internados em leitos exclusivos SUS por suspeita ou confirmação da covid-19, sendo 1.890 em UTI e 1.983 em enfermarias. A ocupação é de 93% e 67%, respectivamente.
Ainda de acordo com o monitoramento, o total de pacientes internados em leitos SUS (incluindo leitos exclusivos) e privados (somente Curitiba) é de 4.863 pessoas. Dessas, 4.336 estão em leitos SUS e 478 em leitos particulares.
As informações de ocupação e disponibilidade de leitos particulares, neste momento, só são repassadas pela Capital do Estado. A partir da publicação do decreto, os serviços hospitalares de todos os municípios deverão registrar os dados.
“Enquanto tivermos uma ocupação elevada de leitos com pacientes acometidos pela covid-19 no Paraná, essas unidades deverão informar todos os atendimentos e leitos disponíveis, diariamente, ao Governo do Estado”, acrescentou o secretário.
Plano
De acordo com o decreto estadual, as unidades precisam apresentar um Plano de Contingência para o enfrentamento da covid-19 em até 24 horas a contar da publicação do ato normativo.
O Plano deverá prever que, pelo menos, 50% da capacidade operacional dos leitos privados clínicos e cirúrgicos não SUS e leitos de UTI adulto e pediátrico informados no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES) sejam remanejados para o atendimento exclusivo dos casos suspeitos e confirmados de covid-19.
A orientação de remanejamento não se aplica a leitos das especialidades de obstetrícia, oncologia, cardiologia, nefrologia, oftalmologia e traumatologia, nos casos de procedimentos cirúrgicos essenciais.