Política

Coluna Contraponto do dia 27 de março de 2018

A cabeça erguida de Beto

Ao renunciar ao mandato de governador para disputar o Senado, Beto Richa disse uma bela frase de efeito: “Saio de cabeça erguida”. A expressão, ao pé da letra, carrega o significado político de uma saída honrosa, sem manchas, de quem cumpriu o dever estabelecido. Nas rodas do fino trato, a cabeça erguida é posição altaneira, de quem pretende o respeito dos súditos e a singela admiração das súditas.

E no popular…

Mas, no popular, a cabeça erguida pode ser, também, um subterfúgio para não se olhar para baixo e ver a cloaca das operações Publicano (irregularidades na Receita Estadual), Quadro Negro (desvio de dinheiro das escolas públicas), Integração (propinas de pedageiras) ou os professores feridos no desastrado embate do Centro Cívico no começo do segundo governo. Por quem, enfim, a cabeça erguida de Beto Richa não se dobra?

Cida na galeria

Quando fez a coligação partidária com o então candidato Beto Richa à reeleição e emplacou a esposa, Cida Borghetti, como vice, o marido, Ricardo Barros, comemorou entre amigos: “O mais importante”, disse, “é que a Cida terá sua foto na galeria de governadores do Palácio Iguaçu”. Cida Borghetti, como belezura que é, ficará eternamente loura e bela na galeria fotográfica da sala dos ex-governadores no Palácio Iguaçu.

Sem parar

De lá pra cá, Barros trabalhou, incansavelmente, para garantir a posse da mulher no cargo e tornar-se a primeira governadora do Paraná. Foi fundo no uso de verbas públicas e influência, mais as primeiras do que a segunda, e manteve sob severa vigilância os passos políticos do governador Beto Richa. Tanto assim que, ontem, ao anunciar a renúncia sem dizer claramente quem vai apoiar na corrida ao Palácio Iguaçu, Richa fez apenas um pseudossuspense. A verdade é que se tornou um Família Barros’s dependente na disputa por uma cadeira no Senado: com a máquina do governo e seus cargos em comissão amestrados, a família está com tudo.

Repórter agredido

Lula apelou à Polícia Militar de Santa Catarina que desse “um corretivo” nas pessoas que jogavam ovos sobre o palanque em que discursava em São Miguel do Oeste, Santa Catarina, na noite de domingo (25). Ontem, em Francisco Beltrão, sudoeste do Paraná, assim que o ex-presidente embarcou no avião com destino a Foz do Iguaçu, um repórter do jornal O Globo que filmava agressões recebeu um “corretivo” de seguranças do ex-presidente a manifestantes contrários.

Soco no ouvido

Segundo testemunhas, um grupo antipetista estava no aeroporto de Beltrão para se manifestar contra o ex-presidente. O Globo presenciou os seguranças agredindo os rapazes com chutes no canto do saguão. Ao perceberem que o repórter havia filmado a cena, pediram que ele apagasse as imagens. Diante da negativa, um dos seguranças deu um soco no ouvido do repórter.

Paraná Previdência

Obrigados a comparecer pessoalmente na sede da Paraná Previdência até para tirar um simples comprovante para o Imposto de Renda, aposentados esperam até duas horas na fila. Um velhinho chegou a passar mal e, diante do problema, um supervisor respondeu que “se tiver alguém passando mal, a única coisa que podemos fazer é chamar uma ambulância”.